20/09/2025 - 12:19
Os Estados Unidos vão passar a exigir um pagamento anual de US$ 100 mil para conceder vistos H-1B para profissionais altamente qualificados. O objetivo, segundo o governo Trump, é estimular contratações de americanos em setores de grande valor agregado.
Segundo decreto assinado na sexta-feira (19) pelo presidente Donald Trump, o aumento das taxas que as empresas pagam para poder contratar estrangeiros com o visto H-1B busca “proteger os trabalhadores americanos”, ao garantir que as pessoas de outros países que forem contratadas tenham uma qualificação tão alta que impeça que sejam substituídas por qualquer cidadão do país.
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“A ideia é que as grandes empresas tecnológicas e outras grandes companhias parem de capacitar trabalhadores estrangeiros”, disse o secretário de Comércio, Howard Lutnick, durante o ato para a assinatura do documento.
“Terão que pagar o salário integral ao empregado (além de US$ 100 mil ao ano pelo visto). Não é rentável. Se forem capacitar alguém, que seja um recém-graduado de uma das melhores universidades de nosso país. Que capacitem americanos. Chega de trazer estrangeiros para ocupar nossos empregos”, acrescentou Lutnick, que garantiu que “todas as grandes empresas estão de acordo” com essa nova política.
Trump criticou anteriormente o visto H-1B por considerar que, além de desincentivar a contratação de americanos, força um corte para baixo nas bases salariais.
O H-1B é um visto de não-imigrante que permite a empregadores dos EUA contratar temporariamente trabalhadores estrangeiros em ocupações especializadas e tem sido usado de forma recorrente em anos recentes por empresas do setor tecnológico, como, por exemplo, as controladas pelo bilionário Elon Musk, que no início do ano já havia se estranhado com o governo Trump e a base do presidente por discordar de planos para limitar o visto H-1B.
Segundo estimativas baseadas em dados do governo, acredita-se que cerca de 700 mil pessoas vivem atualmente nos Estados Unidos com este visto, a maioria delas procedente da Índia. Segundo dados do governo dos EUA, indianos foram 71% dos aprovados para o visto no ano passado, enquanto a China ficou em segundo lugar, com 11,7%.
Entre as empresas que mais fizeram uso do visto no ano passado estava a Amazon, seguida pela Tata, Microsoft, Meta, Apple e Google.
‘Cartão dourado’
Paralelamente, Trump também assinou uma ordem executiva para criar um novo tipo de programa de residência para estrangeiros com grande poderio financeiro e que foi chamado de “cartão dourado” (gold Card, em inglês).
“Este programa criará uma nova via para a obtenção de vistos, dirigida a estrangeiros com habilidades extraordinárias que estejam dispostos a contribuir para os Estados Unidos mediante o pagamento de US$ 1 milhão ao Tesouro americano ou US$ 2 milhões se uma empresa patrocinar esse indivíduo, explicou Lutnick.
Isso “permitirá ter acesso a um trâmite de visto acelerado como parte deste novo programa do cartão dourado”, acrescentou o secretário de Comércio, que alegou que os EUA costumavam receber imigrantes que se situavam profissionalmente “abaixo da média americana”.
“Só aceitaremos pessoas com habilidades excepcionais. Em vez de que venham tirar os empregos dos americanos, criarão empresas e gerarão empregos para eles. Este programa arrecadará mais de US$ 100 bilhões para o Tesouro dos Estados Unidos, dinheiro que utilizaremos para reduzir impostos e a dívida pública”, concluiu.