Bélgica, Luxemburgo e outros países europeus também devem formalizar reconhecimento, em movimento de pressão a Israel. França é o terceiro país do G7 a reconhecer Estado palestino soberano.O governo da França formalizou nesta segunda-feira (22/09) o reconhecimento oficial do Estado palestino, uma medida que já havia sido adiantada pelo presidente Emmanuel Macron em julho, e que provocou fortes críticas de Israel.

“Fiel ao compromisso histórico do meu país com o Oriente Médio (…) a França reconhece hoje o Estado palestino”, declarou Macron, durante uma reunião na sede das Nações Unidas, em Nova York.

“Esse reconhecimento é uma forma de afirmar que o povo palestino não é só mais um povo”, disse Macron. “É um povo com história e dignidade, e o reconhecimento de seu Estado não subtrai nada do povo de Israel.”

“Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preservar a possibilidade de uma solução de dois Estados, Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz e segurança”, afirmou Macron.

“A França nunca falhou com Israel quando a sua segurança estava em jogo. O reconhecimento do Estado palestino é uma derrota para o Hamas”, acrescentou o líder francês, fazendo um contraponto a Israel e aos EUA, que vêm classificando o reconhecimento de um Estado palestino por vários países como uma “recompensa ao Hamas”.

Reconhecimento

Também é esperado que os governos da Bélgica, Luxemburgo, Andorra, San Marino e Malta também formalizem o reconhecimento de um Estado palestino soberano.

O movimento eleva a pressão sobre Israel, que no momento trava uma guerra na Faixa de Gaza e vem intensificando a expansão de colônias na Cisjordânia, os dois territórios habitados por palestinos.

O reconhecimento francês ocorreu antes da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, que tem início nesta semana.

A França agora é o terceiro país do G7 a reconhecer um Estado palestino. A medida ocorre um dia após outras duas nações do grupo, o Reino Unido e o Canadá, também formalizarem o reconhecimento. Ainda no domingo, Austrália e Canadá seguiram o mesmo caminho.

A medida alinha a França a um grupo de agora mais de 150 outras nações que reconhecem o Estado palestino, incluindo o Brasil.

Os reconhecimentos ocorrem enquanto a ofensiva militar liderada pelo governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, vem se intensificando na Faixa de Gaza, assim como a crise humanitária e a fome causadas por uma guerra que está prestes a completar dois anos e já ceifou a vida de pelo menos 65.208 palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, ligado ao grupo palestino Hamas – considerado terrorista pela UE e os EUA, entre outras nações.

No início desta semana, uma comissão independente de inquérito do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas concluiu que Israel vem cometendo genocídio contra palestinos em Gaza.

O movimento de reconhecimento também é impulsionado pelo temor que Israel esteja prestes a anexar territórios na Cijsordânia, com o objetivo de inviabilizar o estabelecimento de um Estado palestino.

O reconhecimento por nações que tradicionalmente se alinhavam a Israel tem despertado intensas críticas do governo do premiê israelense Benjamin Netanyahu, e do governo dos EUA, principal aliado do país.

No domingo, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que o reconhecimento do Estado palestino “não passa de uma recompensa para o grupo jihadista Hamas, encorajado pela sua filial da Irmandade Muçulmana no Reino Unido”.

Já Netanyahu repetiu que não pretende deixar um Estado palestino ser criado. “Tenho uma mensagem clara para os líderes que reconheceram um Estado palestino após o horrível massacre de 7 de outubro: vocês estão dando uma enorme recompensa ao terrorismo”, afirmou o premiê Benjamin Netanyahu. “Isso não vai acontecer. Nenhum Estado palestino será estabelecido a oeste do rio Jordão.”

Cada vez mais países europeus reconhecem Estado palestino

A lista de países que reconhecem um Estado palestino aumentou depois do início da Guerra em Gaza, em 2022. Isso aconteceu especialmente entre países europeus. Antes dessa data, a maior parte dos reconhecimentos era em grande parte limitada a antigos países comunistas, além de nações como Suécia, Islândia e Chipre.

Em 2024, Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia romperam uma paralisia europeia de uma década e se juntaram à lista de países que reconhecem o Estado palestino.

Atualmente, na Europa, mais da metade das nações do continente já reconhecem um Estado palestino. Notáveis exceções incluem a Alemanha, Áustria, Itália e as nações do Báltico.

Nas Américas, só dois países ainda não reconhecem o Estado palestino: EUA e o Panamá.

jps (ots)