29/09/2025 - 22:05
A Polícia Civil apreendeu 117 garrafas de bebidas sem rótulos e sem comprovação de procedência nesta segunda-feira, 29, durante fiscalizações em três estabelecimentos relacionados às suspeitas de intoxicação por consumo de bebida adulterada com metanol. Os alvos, todos localizados na capital paulista, ficam nas regiões dos Jardins e da Mooca.
“Os produtos serão periciados e os resultados vão auxiliar nas investigações sobre casos recentes de intoxicação por consumo de bebida adulterada com metanol”, informou a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP).
Ao menos três pessoas morreram no Estado de São Paulo neste mês sob suspeita de intoxicação por metanol, informou o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado. Os óbitos foram registrados na capital e na cidade de São Bernardo do Campo, na região metropolitana.
O caso mais recente é o de um homem de 45 anos que morreu no domingo, 28, após ser atendido na rede particular na cidade do ABC. Além dele, São Bernardo registrou também a morte de um homem de 58 anos.
“Nos dois casos, os exames estão sendo realizados pelo IML (Instituto Médico Legal) para confirmar ou descartar a contaminação”, afirma a prefeitura da cidade.
O metanol é um álcool usado na indústria para produtos químicos. No corpo humano, o componente se transforma em substâncias tóxicas que atacam fígado, rins, cérebro e nervo óptico, podendo causar cegueira, convulsões e morte.
Estabelecimento na Alameda Lorena foi um dos alvos da ação
Um dos alvos da ação desta segunda-feira é um estabelecimento localizado na Alameda Lorena, nos Jardins, onde uma das vítimas disse ter consumido bebida alcoólica antes de passar mal e perder a visão. Ela continua hospitalizada.
O local estava praticamente vazio na tarde desta segunda-feira, 29. Apenas duas mesas estavam ocupadas por volta das 16h, quando a reportagem esteve por lá. Os funcionários afirmaram que não poderiam dar declarações.
Segundo eles, o gerente só estaria disponível nesta terça-feira, 30, e só ele estava autorizado a se pronunciar sobre as suspeitas e a fiscalização. A equipe também não retornou os pedidos de entrevista nos contatos oficiais do restaurante – o espaço continua aberto às manifestações.
As fiscalizações foram realizadas pela Polícia Civil em conjunto com a Secretaria de Estado da Saúde, por meio do Centro de Vigilância Sanitária, e a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) do Município de São Paulo. As bebidas apreendidas serão encaminhadas à perícia no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica.
As apurações estão a cargo da Divisão de Investigações sobre Infrações contra a Saúde Pública, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), por meio da 1.ª Delegacia de Polícia.
Polícia também investiga endereço em Cidade Dutra
A Polícia Civil também investiga uma adega em Cidade Dutra, na zona sul de São Paulo, onde um grupo de amigos afirma ter comprado uma garrafa de gim supostamente batizada com metanol. O caso foi registrado como falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
No início do mês, Diogo Marques de Sousa, 23 anos, ficou três dias internado no Hospital do Grajaú, na zona sul de São Paulo, após ingerir bebida alcoólica adulterada com metanol. Ele relata que chegou a ter sintomas de cegueira, mas recuperou a visão.
“Eu não estava enxergando assim que acordei. Tudo escuro. E uma dor de cabeça muito forte. Entrei em desespero porque eu estava sozinho em casa”, contou ao Estadão.
Diogo Sousa fazia parte do grupo de amigos do jovem de 27 anos que está em coma desde o dia 1° de setembro, internado no Hospital São Luiz, em Osasco.
Os representantes do estabelecimento afirmaram à polícia que o grupo de amigos é conhecido no local, pois sempre compra grande quantidade de bebida alcoólica.