Os modelos matemáticos e as simulações com um computador que levaram à possibilidade sobre o possível nono planeta do Sistema Solar, possibilitaram no passado a descoberta de Netuno, mas nem todas as previsões foram confirmadas.

Um planeta gigante que percorreria os confins do Sistema Solar teria sido descoberto, segundo um anúncio feito por cientistas norte-americanos na quarta-feira.

Os pesquisadores Konstantin Batygin e Mike Brown dizem que encontraram o planeta graças ao desenho por computador e simulações matemáticas, mas não observaram o objeto diretamente.

Atualmente, uma série de poderosos telescópios estão tentando obter provas visuais sobre a existência do Planeta Nove.

“Observamos uma anomalia no comportamento dos planetas vistos e pensamos que deve haver outro escondido”, explicou à AFP François Forget, do Centro Nacional francês de Investigação Científica (CNRS), em Paris.

“É como se víssemos ao longe um pequeno rebanho muito denso de ovelhas em que todas se movem ao mesmo tempo porque há um cachorro que perturba o rebanho, mas não vemos o cão”, explicou.

“Os astrônomos usam a modelização matemática para muitas coisas”, confirmou Edward Bloomer, astrônomo do Real Observatório de Greenwich, na Grã-Bretanha. A existência dos buracos negros, por exemplo, só é deduzida graças à modelização.

Desde os anos 1990, os astrônomos descobriram nas profundezas do sistema solar toda uma família de “objetos” celestes, seis dos quais os intrigaram porque “grosso modo, dividiam a mesma órbita”, explicou à AFP Alessandro Morbidelli, também pesquisador do CNRS em Nice.

“A possibilidade de que seja casualidade é de 0,007%”, informou.

Outros planetas já foram descobertos graças ao cálculo matemático, entre eles Netuno, em 1846.

Observado Urano, “notou-se que outro corpo perturbava sua órbita”, lembrou Forget.

“Alguns dias depois, o alemão Johann Gottfried Galle apontou seu telescópio nessa direção e encontrou imediatamente Netuno”, agregou. “Foi uma vitória da modelização”, destacou.

Por sua vez, Bloomer afirmou que a descoberta de Batygin e Brown “é apenas a primeira etapa”. “Nunca tínhamos visto antes”, apontou.

Na verdade, nem todas as previsões derivaram na confirmação de um planeta, lembrou Robert Massey, vice-diretor executivo da real sociedade astronômica de Londres.

Os pesquisadores que publicaram o estudo são membros muito respeitados da comunidade científica, e sua hipótese definitivamente merece um seguimento, “mas por enquanto é apenas uma previsão”, disse à AFP.

Sem dúvidas, nesta ocasião, a modelização dos pesquisadores norte-americanos concorda com outros cálculos anteriores. “Quando estudamos a formação dos planetas Urano e Netuno, já havíamos previsto a existência de um planeta numa órbita muito distante, um pouco parecido com a órbita do Planeta Nove”, afirmou Morbidelli.

“Vamos levar de 10 a 15 anos para encontrar este planeta”, caso ele exista, garante o pesquisador, explicando que o modelo indica qual é a órbita, mas não em qual local ele se encontra (de suas várias dezenas de milhares de milhões quilômetros).