04/12/2002 - 8:00
Corria o ano de 1869 quando a baronesa de Rothschild, da família de banqueiros mais poderosa da Inglaterra, no século 19, resolveu dar um banquete. Na mesa, estavam presentes 120 notáveis da aristocracia inglesa: reis, príncipes, duques, barões e a fina flor do mercado financeiro europeu. Todos se esbaldaram na memorável noite proporcionada pelos Rothschild. No dia seguinte, enquanto a nobreza dormia no castelo, uma figura chamava a atenção. Era o funcionário de uma seguradora que fiscalizava a lavagem dos pratos.
Para quê? Simplesmente para atestar que nenhum arranhão afetaria a integridade daquelas peças. Afinal, tratava-se de um precioso conjunto de porcelanas da húngara Herend, a mais tradicional fabricante de louças do Velho Mundo. Há mais de 175 anos os artesãos da marca espalham o seu talento pelos cinco continentes e agora os brasileiros já podem mostrá-lo em casa. Para isso, é preciso no mínimo R$ 27 mil por um conjunto de 36 peças divididas entre pratos, xícaras e vasos.
O cuidado na fabricação é tanto que não há peças para pronta entrega. ?É preciso encomendar e esperar seis meses?, diz Cathy Paes de Barros, da Daslu Casa, representante da marca no País. Nada na produção das porcelanas leva o toque gélido de máquinas. Somente as mãos dos artesãos moldam e pintam as louças como uma obra de arte. Foi assim que a Herend conquistou sua fama. A rainha Vitória, da Inglaterra, foi uma das que recebeu tratamento especial. Seu conjunto pintado em ouro e que estampava flores e borboletas foi desenvolvido especialmente para ela. Tal obra ainda é reproduzida e vendida para simples mortais. Mas quem pretende se igualar à rainha também pode. A Herend faz peças personalizadas. Entretanto, o que muda é o preço: pode-se gastar mais de R$ 100 mil em um sonho como esse. E ele dura por anos e anos. Não que a porcelana não quebre. O desenho de seu jogo e a pigmentação das cores usadas ficam guardadas no arquivo da empresa. Se um dia quebrar, não se preocupe. É
só desembolsar uma pequena fortuna para repor.
