A decisão da Ford, segunda maior montadora dos Estados Unidos, de cancelar a construção de uma fábrica no México, anunciada na terça-feira 3, parece uma vitória do presidente eleito Donald Trump, crítico da exportação de postos de trabalho americanos. Pode ser, mas não por completo (leia mais na pág. 24). Há outros motivos para a mudança de ideia da Ford, que não estão exatamente alinhados com as políticas de Trump. No mesmo dia que anunciou a desistência, o presidente da empresa, Mark Fields, revelou um plano de investimentos de US$ 4,5 bilhões no setor de carros elétricos e autônomos, pelos próximos cinco anos. Os planos incluem o lançamento de uma versão híbrida (elétrica e a combustão) da picape F-150, veículo mais vendido na categoria e um ícone do consumo desenfreado de petróleo. A fabricação de veículos compactos a gasolina, que era o objetivo da fábrica mexicana, deverá ficar em segundo plano.

(Nota publicada na Edição 1000 da Revista Dinheiro)