Após dois anos seguidos de queda da produção, a indústria parece que finalmente começa a ver uma luz no fim do túnel. Os sinais de reação da atividade acontecem na esteira da queda da inflação, redução dos juros e gradual reação da confiança do empresariado. O gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, destaca a reação na margem de indicadores como emprego e horas trabalhadas para afirmar que parece que “a economia bateu no fundo do poço” e se prepara para levantar.

“O emprego subiu pela primeira vez após 23 meses de queda e as horas na produção trabalhadas aumentaram pelo segundo mês seguido. Esses números mostram ou sinalizam o início de uma possível reversão da trajetória negativa que já vem há dois anos”, disse o economista ao apresentar o relatório de Indicadores Industriais. “Se a tendência persistir, indica que as empresas podem estar esperando a retomada da demanda em 2017”, disse.

Castelo Branco cita que há fatores que pesam a favor da leitura positiva de cenário. O economista cita como exemplos a queda da inflação e a consequente redução dos juros em ritmo mais acentuado que o esperado inicialmente. Esse quadro deve melhorar as condições de crédito para empresas e famílias, o que tende a incentivar a demanda.

Balanço

O documento mostra que a indústria terminou o ano de 2016 com forte deterioração e o faturamento real das empresas teve queda de dois dígitos: retração de 12,1% ante 2015. “Isso mostra grande corrosão e implica grande dificuldade nas contas. Ou seja, fragilidade das empresas”, disse o economista.

Além da queda do faturamento, o balanço da entidade mostrou que a utilização da capacidade da indústria brasileira caiu mais uma vez e atingiu o menor patamar da história em dezembro de 2016. O índice recuou de 76,4% em novembro para 76% em dezembro do ano passado, de acordo com a série dessazonalizada. Em dezembro de 2015, o índice estava em 77,7%.