O ex-executivo da área de energia da Andrade Gutierrez (AG) Flávio Barra afirmou nesta quinta-feira, 16, em depoimento, que assinou um contrato fictício em nome da construtora com uma empresa de táxi aéreo que pertencia ou tinha como um dos controladores o empresário Samir Assad. O objetivo do contrato, que teve duração de alguns meses, era gerar caixa dois para a companhia pagar propina para agentes públicos.

O ex-executivo disse que a construtora tinha um caixa dois para os acertos, mas não soube confirmar se os recursos foram usados para pagamento de propina em relação às obras do Maracanã. Barra fechou acordo de colaboração com o Ministério Público Federal.

Segundo ele, o caixa era geral, não era formado para pagamentos específicos. “Era uma situação amadora. Foi a forma como a cúpula da empresa achou para cumprir certos compromissos que havia aceitado (de pagamento de propina). Era formado um caixa para cumprir com esses compromissos”, afirmou.

Na quarta, 15, o ex-presidente da Andrade Gutierrez (AG), Rogério Nora de Sá, reafirmou em depoimento que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB) cobrou propina da empresa na reforma do estádio do Maracanã e acertou que seriam feitos pagamentos pela construtora em obras no Estado. Já Barra disse que não sabia dos pagamentos ao ex-governador e nem de uma reunião feita para combinar a propina.

O ex-executivo afirmou ainda que pode ter assinado outros contratos fictícios. “Acredito que também tenha assinado com a Legend (Associados, ligadas a Adir Assad). A gente assinava vários documentos, não recordo exatamente”, afirmou.

A AG integrou o consórcio para a construção do Maracanã junto com a Odebrecht, que tinha 49% e era líder, e a Delta, com 30%. A construtora era dona de fatia de 21%.

O depoimento ocorreu no âmbito da Operação Saqueador, deflagrada em junho do ano passado para investigar as suspeitas de lavagem de R$ 370 milhões em obras tocadas pela construtora Delta.

O Ministério Público Federal denunciou em junho do ano passado Carlinhos Cachoeira, Fernando Cavendish, Cláudio Abreu, Adir Assad e Marcelo Abbud por associação criminosa, em um esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro, no qual a empreiteira Delta repassou valores a 18 empresas de fachada pertencentes aos operadores, totalizando mais de R$ 370 milhões desviados.

Cachoeira

Assad e Abbud eram os responsáveis por criar as empresas fantasmas que lavavam os recursos públicos, por meio de contratos fictícios, que eram sacados em espécie, para o pagamento de propina a agentes públicos, de forma a impedir o rastreamento das verbas.