20/02/2017 - 8:50
Solto há duas semanas, Gegê do Mangue, considerado o número 3 na hierarquia do Primeiro Comando da Capital (PCC), tem o paradeiro desconhecido. Está previsto para começar nesta segunda-feira, 20, o julgamento dele, mas a defesa já informou à promotoria que não sabe onde ele está e poderá ser julgado à revelia.
Rogério Jeremias de Simone, nome de batismo de Gegê, deverá ser julgado no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, acusado de ordenar um duplo assassinato no Rio Pequeno, também na zona oeste, em 2004. A suspeita é de que ele teria comandado as execuções por celular, de dentro do presídio. O objetivo seria vingar as mortes de traficantes ligados ao PCC.
Para garantir que o réu cumpra a pena em caso de eventual condenação, o Ministério Público Estadual (MPE) pedirá nesta segunda-feira, 20, que seja preso preventivamente. Por uma decisão da 3.ª Vara de Presidente Venceslau – onde o suspeito respondia a outro processo de homicídio, no qual acabou inocentado -, Gegê deixou a cadeia às vésperas do júri na capital.
Na outra ação, ele estava preso preventivamente desde 2007 e obteve, em 2014, habeas corpus do Supremo Tribunal Federal para responder ao processo em liberdade.
Agora, advogados de Gegê entraram em contato com MPE e confirmaram não saber onde achá-lo. Nas últimas semanas, duas tentativas de notificação por oficiais de Justiça fracassaram – no endereço que ele havia fornecido, no início do mês, quando saiu da cadeia.
Para o MPE, a gravidade do crime e o risco de ele se tornar foragido após eventual condenação justificam novo pedido de prisão. “Ele foi procurado em duas localidades e não foi encontrado. Então, para garantia da ordem pública e pela necessidade da aplicação da lei penal e em virtude do crime marcado pela perversidade e banditismo, a prisão será pedida”, explicou o promotor Rogério Zagallo, responsável pelo caso.
O MPE vai apresentar interceptações telefônicas em que mostram Gegê e comparsas discutindo o crime. A acusação sustenta ainda que, além da vingança, ele queria mostrar força da facção, “visando a amedrontar a sociedade e também os criminosos rivais”.
Silêncio. A reportagem tentou contato por telefone com a defesa de Gegê, mas não teve retorno. Ao jornal O Estado de S. Paulo, no dia 1.º , o advogado Isaac Minichillo havia dito que seu cliente estava preso, “sendo inocente”. Sobre o julgamento desta segunda-feira, 20, ele havia garantido que o acusado iria.
O julgamento desta segunda-feira, 20, representará a quinta tentativa de o júri popular analisar o caso, após sucessivos adiamentos obtidos com recursos em cortes superiores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.