28/02/2017 - 7:15
O público que chegou ao sambódromo do Rio para assistir aos desfiles desta segunda feira, 27, do setor 1 está assustado. Foi lá que um carro alegórico do Paraíso do Tuiuti imprensou pessoas contra a grade, deixando 20 feridos, uma em estado ainda grave. Foi instalada uma segunda grade junto às arquibancadas do setor, o que fez pouco sentido, uma vez que as pessoas machucadas não estavam nas arquibancadas, e sim do lado de fora, na pista, trabalhando.
A médica Mauricea de Santana, 57, veio ontem à Sapucaí desfilar pela Beija Flor e hoje se diz apreensiva. Ela soube do acidente pela televisão. “Estamos todos com medo. Mas o negócio é ter fé em Deus”, disse Mauricea, que se surpreendeu com o reforço na grade. “As pessoas não podem se aproximar da grade, como em outros anos. E elas também não querem porque estão com medo”.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, abriu a Passarela do Samba pedindo uma oração para as vítimas de ontem. Ele contou que visitou uma das pessoas hospitalizadas, mas não pôde entrar, por se tratar de um Centro de Tratamento Intensivo (CTI), área restrita. Amanhã, Castanheira pretende voltar, com o presidente da Riotur, Marcelo Alves.
A ambulante Debora Mendonça, de 20 anos, outra espectadora presente no mesmo local do acidente, diz não acreditar que algo parecido se repita. Para ela, houve uma mudança na organização do setor 1 de ontem para hoje. “Ontem as pessoas estavam todas na grade, hoje estão se precavendo mais, não pode encostar nela. Uma pena que precisa acontecer uma fatalidade para que melhorem a organização.”
A camareira Ana Lucia Baldir, de 50 anos, não sabia que estaria justo no ponto do acidente. “A gente fica assustado, com receio. Sei que foi um acidente e não vai acontecer outra vez, mas preferia ficar em outro lugar. Não tenho opção”, lamentou. O setor é dos mais baratos da Sapucaí e costuma receber o público mais humilde.
O acidente foi causado por um carro que entrou errado na pista e estava desgovernado.