01/03/2017 - 15:08
08A finlandesa Nokia e a canadense RIM, dona da marca BlackBerry, já foram estrelas do emergente mercado de celulares.
A Nokia, por exemplo, liderou o mercado mundial de celulares de 1998 até meados dos anos 2000. A RIM criou o conceito de smartphone com teclas e um inédito serviço de e-mail. Com isso, nadou de braçada durante muitos anos.
As duas empresas, no entanto, perderam relevância quando o iPhone, da Apple, foi lançado, em 2007. É claro que isso não aconteceu da noite para o dia.
O que aconteceu com Nokia e RIM? Elas não conseguiram fazer a transição para os modelos de smartphones sensíveis ao toque e perderam mercado para a Apple e para a coreana Samsung.
Foi um lento ocaso, que culminou com as duas marcas deixando o mercado. No caso da Nokia, depois de uma malsucedida venda para a Microsoft. No da RIM, as vendas foram minguando, minguando, até se tornarem residuais.
Agora, essas duas marcas ícones estão tentando voltar ao mercado de smartphones. Será que elas vão conseguir recuperar o tempo perdido e voltar a brilhar?
A ressurreição de Blackberry e Nokia acontece sob a tutela da chinesa TCL e da finlandesa HMD Global, respectivamente.
Ambas mostraram os primeiros aparelhos nesta semana, durante o Mobile World Congress (MWC), principal evento do mundo da mobilidade, em Barcelona, na Espanha.
“São marcas bem conceituadas e que ainda mantém um recall”, diz Ivair Rodrigues, diretor de pesquisas da consultoria IT Data.
A TCL, que é dona da marca Alcatel, está apostando no Blackberry com um sistema operacional Android, do Google. Assim como os modelos antigos, ele mantém o tradicional teclado físico.
Batizado de KEYone, o celular usa um software de segurança e privacidade desenvolvido pela BlackBerry Limited, empresa que restou depois do fechamento da divisão de smartphones da RIM.
O modelo terá tela de 4,5 polegadas e será vendido mundialmente a partir de abril por US$ 549. No Brasil, a previsão de chegada é setembro, produzido pela Alcatel, que mantém uma fábrica em Manaus. “O foco do Blackberry será o mercado corporativo”, afirma Rodrigues.
A Nokia, por sua vez, está apostando nos saudosistas, como uma forma de ganhar atenção para a sua volta. Na MWC, a companhia mostrou quatro modelos. Mas toda a atenção esteve voltada para o a reencarnação do modelo 3310, lançado pela primeira vez há 17 anos.
O modelo, que ficou conhecido como o celular “inquebrável” da marca, foi repaginado e ganhou uma nova verão que deve chegar ao Brasil até meados deste ano por aproximadamente R$ 160.
Como na sua versão anterior, ele é bem limitado e conta com um navegador de internet compatível apenas com redes 2G. Além do Nokia 3310, a empresa mostrou três outros modelos mais modernos, que acabaram ficando em segundo plano.
“Acredito que a Nokia não deve partir para a briga com Apple e Samsung nos celulares high-end”, afirma Rodrigues. “Eles devem disputar a faixa intermediária com outros fabricantes.”
De acordo com o analista da IT Data, as duas empresas não devem retornar o brilho anterior, mas vão se concentrar em nichos. O Blackberry concentrará suas energias no mercado corporativo. Os modelos da Nokia, por sua vez, devem disputar espaço com marcas como Alcatel e Positivo.