Para atrair jovens que estudaram em colégios internacionais, faculdades particulares brasileiras também passaram neste ano a aceitar exames estrangeiros como forma de ingresso, além dos vestibulares próprios. Ao menos quatro usaram para selecionar os alunos que ingressaram neste ano o International Baccalaureat (IB) – diploma obtido por estudantes que seguiram um currículo desenvolvido na Suíça – e o Abitur – emitido pelo governo alemão.

A Fundação Instituto de Administração (FIA) começou a aceitar os dois certificados. “Já queríamos há muito tempo, porque a FIA tem uma vocação internacional”, disse James Wright, diretor-geral da faculdade. “Esses certificados têm uma abrangência e uma profundidade maior de seleção do que o vestibular”, diz.

Um dos alunos que entrou na FIA por esse modelo foi Arthur Banfield, de 20 anos. Ele estudou no Colégio Porto Seguro, no Morumbi, zona sul de São Paulo, e ao terminar o ensino médio conseguiu o certificado Abitur e foi para a Alemanha fazer dois meses de estágio. Ele pretendia cursar o ensino superior no país, chegou a inscrever-se para algumas instituições europeias e foi aprovado em seis delas, mas preferiu voltar para o Brasil. “Meu irmão estuda lá e sempre falou da qualidade de vida, mas eu não me adaptei ao frio, à cultura, aos costumes dos alemães”, conta. Quando voltou ao Brasil, em agosto do ano passado, começou a fazer cursinho para prestar vestibular, mas descobriu que a FIA aceitava o Abitur como forma de ingresso.

Ele se candidatou para o curso de Administração e foi aprovado. Também prestou outras universidades públicas, e até foi aprovado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mas preferiu a faculdade particular. “Achei que (a atual faculdade) era a opção mais próxima do que quero, porque tem muito contato com as universidades do exterior e ainda quero estudar fora do país.”

Outra instituição que adotou os dois certificados foi a ESPM – que também passou a utilizar o Enem. Segundo Luiz Fernando Garcia, diretor-geral da graduação, a adesão é parte de um processo de adaptação aos diferentes objetivos dos estudantes do ensino médio. “Temos um ambiente cada vez mais complexo, os jovens têm mais opções de ensino e nós precisamos nos adaptar”, afirma.

Gabriela de Haas, de 19 anos, foi aprovada em Propaganda e Publicidade na ESPM neste ano. Ela fez o processo seletivo usando o IB, que obteve após estudar por dois anos na Suíça, onde concluiu o ensino médio em junho do ano passado. “Pensei em me inscrever para universidades nos Estados Unidos e no Reino Unido, que aceitam o IB, mas, com a crise econômica e por já ter estudado dois anos fora, ficaria puxado financeiramente”, observa.

Ela também contou que as mudanças na política de imigração nos Estados Unidos e a saída da Inglaterra da União Europeia pesaram na decisão. “Havia uma instabilidade política que não era favorável, mas futuramente ainda penso em estudar em outro país, talvez em uma pós-graduação.”

Carta. A IBMEC também passou a usar o IB neste ano, além do certificado, a instituição exige desses candidatos uma carta de recomendação, análise do histórico escolar e uma entrevista com o coordenador do curso no qual deseja ingressar. “É um método muito interessante porque conhecemos melhor o aluno que vai entrar na nossa faculdade. Sabemos como ele é, quais são seus objetivos profissionais. É muito completo”, justifica Rachel Parada, gerente de Admissões.

O mesmo exame também passou a ser utilizado pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “É uma forma de garantir que os alunos que estudaram em escolas internacionais e têm uma ótima formação não fiquem de fora. Eles apresentam formação muito completa, mas que não é voltada para o vestibular tradicional brasileiro”, disse Priscilla. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.