16/03/2017 - 12:30
Irmão do megatraficante Jarvis Chimenes Pavão, o empresário e pecuarista Ronny Chimenes Pavão, de 38 anos, foi assassinado com 12 tiros, na noite de terça-feira, 14, quando saía de uma academia no centro de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai. Jarvis está preso em Assunção, capital do país vizinho, suspeito de mandar matar o chefe do tráfico na fronteira, Jorge Rafaat Toumani, em junho do ano passado, após acordo com a facção brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC). A morte de Ronny é considerada uma vingança do grupo de Rafaat.
Ele havia saído da academia e seguia em direção ao carro quando foi abordado por pistoleiros que fizeram disparos com pistolas 9 mm. Os agressores ocupavam uma moto e um carro e fugiram em direção ao Paraguai.
O corpo de Ronny é velado em Ponta Porã sob forte esquema de segurança e, até a manhã desta quinta-feira, 16, advogados de Jarvis tentavam sua liberação para comparecer ao sepultamento. O traficante está preso unidade de segurança máxima, em Assunção.
Desde a manhã de quarta-feira, 15, a Polícia Nacional do Paraguai ocupa a Avenida Internacional, na fronteira entre os dois países e divisa entre Ponta Porã e a paraguaia Pedro Juan Caballero. O receio é de que os aliados de Jarvis tentem vingar o assassinato, promovendo nova onda de terror na região.
A fronteira seca com o Paraguai é principal porta de entrada no Brasil de armas provenientes do exterior, maconha paraguaia e cocaína escoada da Colômbia, da Bolívia e da Peru. O controle dessa área é disputado pelo PCC e pelo Comando Vermelho (CV), além de seguidores de Rafaat.
Rei da fronteira
Conhecido como “rei da fronteira” pela atuação no narcotráfico, Rafaat se opunha às facções criminosas e foi assassinado em uma emboscada, depois de ter o carro blindado, um jipe Hummer, modelo usado pelo Exército americano, atingido por mais de 200 tiros. Os atiradores usaram armas militares, como fuzis AK 47 e metralhadora ponto 50.
Desde a morte de Rafaat, ao menos 34 pessoas ligadas ao tráfico foram assassinadas nos dois lados da fronteira, na provável disputa pelo controle da região. Antes da morte de Ronny, tinham sido registradas duas execuções no domingo, dia 12, uma em Pedro Juan, outra em Ponta Porã.
Ligação com PCC
Jarvis era um dos principais rivais de Rafaat e teria se aproximado do PCC. Ele cumpre pena de oito anos no Paraguai por tráfico de drogas e já havia sido condenado no Brasil a 17 anos por lavagem de dinheiro – sua extradição é pedida há dois anos. Quando cumpria pena no presídio paraguaio de Tacumbú, foi descoberto que sua cela de três cômodos tinha sala de reuniões, TV de plasma, cozinha e biblioteca.
A Polícia Civil de Ponta Porã suspeita que outro brasileiro, o ex-policial militar Aldair José Belo, que foi pistoleiro de Rafaat, esteja envolvido na morte de Ronny. Ele está foragido no Paraguai.