26/04/2017 - 12:44
O governo de Donald Trump lançou nesta quarta-feira uma ambiciosa reforma fiscal com um grande corte de impostos a empresas e pessoas físicas e que o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, considerou como a maior da história dos Estados Unidos.
O plano se propõe revisar todo o sistema fiscal do país, mas o grande destaque é a redução de 35% para 15% os impostos para as empresas, um corte de 20 pontos percentuais que pode ter efeitos diretos no déficit federal.
Ema entrevista coletiva na Casa Branca, Mnuchin garantiu que o plano não terá efeitos negativos e que, pelo contrário, impulsionará a criação de novos empregos, gerando uma maior arrecadação fiscal.
“Isso será pago com crescimento, e com menos redução de índole diversa e com o fechamento de fissuras nas normas”, disse Mnuchin na Casa Branca.
O novo sistema reduzirá de 7 para somente 3 as faixas de tributação para as pessoas.
Um documento da Casa Branca diz que o plano também inclui previsões para uma taxa única para repatriar “trilhões de dólares que são mantidos no exterior”.
Os detalhes do plano ainda deverão ser negociados com o Congresso, mas Mnuchin adiantou que há conceitos fundamentais que “não são negociáveis”.
“O ponto central é que queremos tornar competitivos os impostos às empresas, trazer bilhões de dólares para criar empregos, simplificar as declarações individuais e reduzir a carga tributária. Esses princípios fundamentais não são negociáveis”, disse.
Mnuchin disse que o governo espera que a proposta, que sofre resistência inclusive de parlamentares republicanos, seja aprovada o mais rápido possível pelo Congresso, mas não adiantou um cronograma.
No Congresso, a iniciativa cairá nas mãos de um corpo de legisladores divididos entre a ideia de reduzir impostos e as preocupações com o crescente déficit público.
“Estamos trabalhando para fazer isso rapidamente”, disse Mnuchin, que acrescentou que “é parte do impacto pelos primeiros 100 dias” do novo governo.
Segundo analistas um corte de 20 pontos percentuais na carga tributária das empresas pode significar 2 trilhões de dólares adicionais de déficit em apenas uma década.
Entre outubro de 2016 e março deste ano, o déficit americano chegou a 526,8 bilhões de dólares.
Analistas econômicos afirmam, no entanto, que a ideia de um crescimento do emprego mediante cortes de impostos às empresas não se apoia em experiências prévias.
Para o especialista Douglas Holtz-Eakin, essa ideia é uma ilusão. “Nunca houve qualquer análise verossímil que indique que isso seja possível”, disse à AFP.
Esse corte de impostos poderia ser válido por 10 anos, mas Mnuchin disse que prefere que se torne permanente. “Se o temos por 10 anos, já é melhor do que nada. Mas eu gostaria da sua permanência”, acrescentou.
Mnuchin assegurou que a redução tributária será destinada em primeiro lugar às pequenas empresas. “Não haverá fissuras na norma que permita aos mais ricos, que deveriam pagar impostos mais altos, pagar 15%”, afirmou.
O líder do partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, adiantou que a ideia encontrará resistência na oposição.
“Tratando-se de um enorme corte de impostos para os mais ricos, isso não será apoiado pelos democratas”, adiantou.
Em geral, os republicanos são favoráveis à redução de impostos, mas uma parte deles, defensores do equilíbrio orçamentário, expressam preocupações sobre seu impacto nas contas públicas.
Mnuchin também apontou nesta quarta-feira que os especialistas do governo estão trabalhando para simplificar o processo como os americanos pagam seus impostos.
“Nosso objetivo é simplificar as taxas. Acho que a maioria dos americanos deve ser capaz de apresentar sua declaração de impostos em um formulário do tamanho de um cartão postal”, expressou.
Na Casa Branca, o principal assessor econômico de Trump, Gary Cohn, disse que todo ano os americanos gastão “milhões de horas” tentando preencher suas declarações de impostos, para as quais há, atualmente, 199 formulários diferentes.