01/05/2017 - 16:38
Ativistas voltaram hoje (1º) a protestar contra a proposta do prefeito de São Paulo, João Doria, de retirar algumas das ciclovias da cidade e substituí-las por ciclorrotas, onde o tráfego de bicicletas é compartilhado com o de carros. Os cicloativistas também protestam contra o aumento da velocidade dos carros nas marginais.
Durante a inauguração da Praça Ayrton Senna, esportista brasileiro morto há exatos 23 anos, os ativistas tentaram entregar flores ao prefeito, mas foram impedidos por assessores de Doria. Ontem (30), em um evento na Avenida Paulista, o prefeito foi surpreendido por uma ciclista que lhe entregou flores para lembrar as pessoas que estão sendo mortas com o aumento da velocidade nas marginais. O prefeito, que estava dentro do carro, rejeitou as flores e as jogou na rua. A prefeitura informou que o prefeito assim agiu ontem porque considerou o gesto “invasivo e desnecessário”.
“Hoje é 1º de maio e tem uma praça com o nome do Ayrton Senna, que morreu por velocidade, em um automóvel. A gente queria lembrar isso. Homenageá-lo seria diminuir as velocidades e conseguir evitar que outras mortes aconteçam”, disse Letícia Sabino, integrante do movimento Cidade a Pé, que tentou entregar uma rosa ao prefeito.
“Acho que ele [Doria], como político, deveria ouvir mais as pessoas mesmo quando forem contrárias ao que ele está fazendo porque um político deve estar sempre atento à opinião popular. Acho que foi um pouco agressiva a reação dele. Em vez de ele receber aquela informação e processar para dar uma resposta, ele respondeu com agressividade porque estava contra ao que ele está fazendo”, disse Letícia. “Estamos tentando nos aproximar, mas estão fazendo barreiras todas as vezes em que chegamos perto para entregar as flores. Mas estamos levantando-as para que ele as veja de lá [do palco]”, afirmou.
Usando com um boné amarelo e um colete verde em homenagem a Senna, Doria entregou flores amarelas a Viviane Senna, irmã do automobilista e presidente do Instituto Ayrton Senna. Ao fazer o gesto, Doria disse: “Estas são flores do bem”.
De cima do palco montado na praça, Doria respondeu aos ativistas. “Quero deixar muito claro a todos: faço aquilo que é importante ser feito. Faço aquilo que é importante um prefeito fazer, defender o que é necessário. E, para isso, ninguém me intimida. Para isso, ninguém me empareda, como ninguém intimidava o Ayrton Senna. Sou brasileiro e amo o meu país. Então não será nenhum ativista ou petista ou qualquer outro ista que vai me colocar na parede não. Nem com flores nem com gritos”, disse o prefeito, no discurso.
“Quero estar ao lado da maioria e não da minoria ruidosa. Quero estar ao lado daqueles que amam o Brasil e que querem o bem do Brasil, dos trabalhadores e dos que suam para ganhar o seu dia. Aquelas flores do mal que quiseram me dar ontem eu dedico ao Lula e à Dilma [ex-presidentes do país] e aos 14 milhões de desempregados do Brasil. Essas são as flores com que quiseram me intimidar. Não tenho medo, como o Ayrton não tinha medo”, acrescentou o prefeito, sendo bastante aplaudido pelos presentes.
A praça
A Praça Ayrton Senna tem cerca de 15 mil metros quadrados e está localizada no Centro Esportivo Modelódromo, perto do Parque Ibirapuera. No centro da praça, foi colocado o monumento Velocidade, Alma e Emoção, da artista Melinda Garcia, antes instalado na entrada do Túnel Ayrton Senna. Além do monumento que homenageia o esportista, a praça ganhou outra escultura: uma réplica do capacete do piloto, feita em bronze fundido.
Doria chegou à praça, que fica ao lado do Parque Ibirapuera, ao som o Hino da Vitória, música que ficou conhecida popularmente no Brasil com Ayrton Senna. Ele foi bastante aplaudido e posou para muitas fotos com pessoas vestidas principalmente nas cores verde e amarelo, que gritavam, relembrando a frase que ficou famosa com Ayrton: “Acelera, Doria!”.
Em seu discurso, Viviane Senna elogiou o irmão e o comparou ao prefeito. “Temos hoje um novo Ayrton Senna nas pistas. E não é pista de Fórmula 1, não. É uma pista mais importante. E é esse moço aqui”, disse ela, levantando a mão de Doria. “Nosso lema de campanha era Acelera, Doria porque ele vai acelerar São Paulo e o Brasil em direção a um novo patamar, de competência, de trabalho, de dedicação e de honestidade.”