05/05/2017 - 8:24
A proteção de contas secretas e a defesa dos bancos suíços levaram à prisão de um espião do serviço de inteligência de Berna. Na semana passada, um homem foi detido pela polícia alemã, acusado de fazer parte do serviço secreto suíço. Sua missão: tentar identificar quem, no governo alemão, estaria comprando informações de delatores dos bancos suíços e descobrir quem seriam os “traidores” que estariam entregando as informações sigilosas sobre os clientes aos fiscos estrangeiros.
Na última década, casos de funcionários de bancos suíços que fogem com dados de clientes e os vendem no exterior têm se proliferado. Desde 2006, acredita-se que só o fisco alemão pagou 18 milhões de euros por informações de diversos delatores. No auge da crise entre Alemanha e Suíça, políticos em Berna chegaram a acusar Berlim de adotar “métodos nazistas” para “roubar” dados.
Mas a prática ganhou adeptos, obrigando os bancos suíços a adotar duras regras de monitoramento de seus funcionários.
Aos fiscos estrangeiros, o pagamento de listas de clientes provou ser uma prática lucrativa. Os governos conseguiram identificar milhares de contribuintes e recuperar bilhões de euros que eram evadidos em impostos e contas não declaradas no exterior.
A prisão do suíço revela que o caso ganhou dimensão política. Identificado como Daniel M., o homem de 54 anos é suspeito de ter operado como espião no setor financeiro alemão desde 2012.
O governo suíço diz que a espionagem é, de fato, da Alemanha. Na Suíça, ordens de prisão foram emitidas contra três inspetores do fisco alemão, acusados de espionagem econômica. Para Berna, o que o enviado do governo fazia era “contraespionagem” e seu trabalho foi conduzido “dentro da lei”.
De um banco em Frankfurt, o espião fornecia informações ao governo suíço sobre quem era quem no setor financeiro. Se condenado, ele pode pegar dez anos de prisão. A Suíça insiste que a compra de dados roubados não pode legitimar o uso de informações pelos fiscos. Mas, depois de o caso chegar à Corte de Justiça da Europa, a Alemanha ganhou esse direito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.