25/05/2017 - 10:48
O Dia Nacional da Adoção lembrado hoje (25) é o ponto alto da semana que teve várias atividades. A primeira delas foi a 8ª Caminhada da Adoção no domingo (21) na orla de Copacabana reuniu pais e filhos e deixou evidente o carinho que sentem uns pelos outros. Elisângela Fernandes e o marido Rodrigo participaram da caminhada com a filha Giovana, de oito meses, no colo. Eles são casados há 13 anos e há muito tempo pensavam em adotar uma criança. Desde novembro do ano passado, são pais da menina. “A vida mudou radicalmente”, disse Elisângela.
Rodrigo lembrou, que em casos de adoção, costuma-se dizer que a criança é quem escolhe os pais. E foi essa a emoção que sentiu quando encontrou a menina. “Parece que tudo que a gente passou se apaga quando você vê a criança. Na verdade, é o nosso parto quando a criança chega e você olha aquela coisa pequenininha e a colocam no seu colo. A sensação é maravilhosa e difícil de explicar”, revelou.
A caminhada, com o slogan “Vamos Colorir Copacabana com as Cores do Afeto”, teve o apoio da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) e da Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas da Infância e Juventude e Idoso (Cevij) do Tribunal de Justiça do Rio.
Sem restrição
O processo de adoção é longo. Rodrigo conta que, quando se recebe a ligação da assistente social informando que há uma criança para adoção, a ansiedade toma conta e não se consegue dormir. O único pedido que o casal fez na inscrição no Cadastro Nacional de Adoção é que preferia um bebê. Giovana foi inscrita no Cadastro como criança exposta à sífilis, mas isso não impediu que continuassem com o processo. “O importante era que viesse para a gente dar amor”, disse o pai, acrescentando que Giovana já passou por tratamento e está bem.
O casal, que mora na Vila da Penha, na zona norte do Rio, acrescentou no cadastro, nos órgãos de adoção, a intenção de adotar algum irmão da menina, se houver oportunidade. “Se aparecer vamos adotar também e, se não aparecer, temos intenção de adotar mais um mais para frente”, disse Rodrigo.
Maternidade atendida
Elaine Ferreira e o Paulo Henrique esperaram quase dois anos na fila de adoção até que encontraram Camila, que na época tinha um ano e três meses. “Ela que nos adotou, porque logo que chegamos ao abrigo ela estendeu os bracinhos e esse é um encontro de almas”, disse Elaine.
A arquiteta revelou que Camila, de 9 anos, realizou a sua maternidade, porque durante 10 anos fez vários tratamentos sem sucesso para engravidar, o que só conseguiu após a chegada da menina. “Depois dela eu fiquei grávida da Helena [5 anos]. Só tenho a agradecer a Deus pelas minhas filhas”, contou.
“É importante divulgar que há crianças em abrigos para adoção tardia precisando de um lar e uma família. Adoção é uma família para quem adota e para quem é adotado”, disse, recebendo a concordância do marido. “O amor que a gente tem por filho biológico é o mesmo pelo filho adotado. É o mesmo amor”, destacou Paulo Henrique.
Adoção tardia
A comerciante Cristina Delorme é a mãe de Luana, de 7 nanos. A menina foi adotada quando tinha 10 meses. “A chegada dela mudou minha vida para melhor e eu tenho ainda dois filhos biológicos”, contou, beijando a menina, que retribuiu o carinho. “Eu gosto muito dessa mãe, que é tudo na minha vida.”
A comerciante chamou atenção também para os casos de adoção de irmãos, que, em geral, ficam aguardando mais tempo por alguma família nos abrigos.” A realidade da adoção não é a que a gente vê por aí. Se acha que toda criança é branca, sem doença e bebê sem problema. A realidade não é essa. As crianças têm problemas, não são brancas, não tem tanto bebê e tem muitos grupos de irmãos”, pontuou.
Para o juiz da Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas de Infância e Juventude e Idoso (Cevij) do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, o perfil das pessoas que procuram a adoção tem mudado com a divulgação e com encontros dos interessados com as crianças e adolescentes que aguardam por uma família nos abrigos. Ele é um dos responsáveis pelo lançamento, no início do ano, da campanha O Ideal é Real, que incentiva a adoção de crianças mais velhas e de grupos de irmãos.
“A gente tem que propiciar encontros dos habilitados no Cadastro Nacional de Adoção, daqueles que querem se habilitar, com as crianças e adolescentes. Também dizer que só as pessoas querem bebê, mas nunca ter permitido que as pessoas conheçam os adolescentes e as crianças mais velhas não é o procedimento melhor para a gente conseguir a mudança deste quadro”, destacou.