06/06/2017 - 16:29
O ex-ministro e professor emérito da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), Luiz Carlos Bresser-Pereira, criticou nesta terça-feira, 6, a postura do governo a respeito das reformas e avaliou que a política econômica atual impossibilita o crescimento, ao manter taxas de juros elevadas e câmbio apreciado, inviabilizando investimentos.
“Estamos diante de um governo liberal que nos diz que basta fazer as reformas. A política liberal é de ajuste das contas fiscais, mas mantém juros altos e cambio apreciado. Não há como crescer (nesse cenário)”, afirmou o economista durante palestra na segunda edição do “Ciclo Brasil e suas perspectivas”, promovido pela Coppe/UFRJ.
Recentemente, o ex-ministro encabeçou o manifesto do Projeto Brasil Nação em que defende cinco pontos econômicos. Entre eles, uma regra fiscal que permita a atuação contracíclica do gasto público, e assegure prioridade à educação e à saúde.
Além disso, o documento é a favor de uma taxa básica de juros em nível mais baixo, “compatível com o praticado por economias de estatura e grau de desenvolvimento semelhante aos do Brasil”. Também vê a necessidade de superávit na conta corrente do balanço de pagamentos, “necessária para que a taxa de câmbio seja competitiva”.
O economista afirmou que o Brasil vem transferindo mão de obra da indústria, onde há tecnologia avançada, para o setor de serviços com baixa tecnologia e baixos salários. Além disso, investe muito abaixo de Países com grande crescimento econômico, como a China.
“O Brasil tem investido de 17% a 18% ao ano do PIB, enquanto a China em torno de 45% ao ano, o que explica enorme diferença das taxas de crescimento”, afirmou.
O ex-ministro defende que o Estado aja contraciclicamente, ampliando os gastos quando o País está em recessão e reduzindo quando esse cenário não ocorre. “O governo Dilma (Rousseff) foi irresponsável no ponto de vista fiscal. Em 2015, tinha que fazer política contracíclica”, afirmou, acrescentando que isso não foi possível por causa de gastos que já tinham sido feitos.
O economista ponderou, no entanto, que não basta apenas ter as contas fiscais em ordem para que ocorra o crescimento. “(A ex-presidente) Dilma (Rousseff) foi irresponsável fiscalmente, mas entre 1999 a 2010 o Brasil estava com contas fiscais em ordem e também não aconteceu crescimento.”