09/06/2017 - 15:24
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, aceitou nesta sexta-feira, 9, denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro (RJ) contra Thiago Aragão, ex-sócio da mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo. O advogado é acusado de obstrução à Justiça. É a segunda denúncia apresentada pela força-tarefa da Lava Jato no Rio contra Aragão, que está preso desde o início do ano.
As investigações apontam que Aragão teria buscado atrapalhar as investigações, “forjando documentos ideologicamente falsos e constrangendo um pretenso colaborador ao propor um concerto de versões a serem apresentadas aos órgãos de investigação”, diz o MPF.
A denúncia é desdobramento das Operações Calicute e Eficiência. A primeira levou à prisão o ex-governador do Rio, enquanto a segunda deu continuidade às investigações sobre a suposta organização criminosa, que seria liderada por Cabral. Aragão foi preso na Eficiência.
O MPF investiga o fato de a organização criminosa liderada por Cabral ter utilizado o restaurante Manekineko para a lavagem dos recursos ilícitos auferidos pelo grupo, sem que o proprietário do estabelecimento tivesse ciência do esquema criminoso instalado no governo do Estado do Rio de Janeiro.
O proprietário do estabelecimento, Italo Garritano Barros, é concunhado de Aragão. Em colaboração premiada, Garritano reconheceu que acertou com Aragão uma estratégia para não cumprir suas obrigações tributárias e trabalhistas.
“Para tanto, combinaram a simulação de serviços entre o escritório Ancelmo Advogados e o restaurante, para justificar a transferência de valores em favor do escritório de advocacia. Os valores eram utilizados para pagar uma folha paralela dos funcionários do restaurante. Os créditos do escritório de advocacia eram utilizados por Thiago, sem que seu concunhado soubesse, para a lavagem de dinheiro da organização criminosa liderada por Sergio Cabral”, diz a denúncia.
Após a prisão preventiva de Cabral e a condução coercitiva de Adriana Ancelmo, Aragão teria se movimentado para evitar que as investigações chegassem aos esquemas do escritório Ancelmo Advogados, apontam os procuradores.
“Thiago Aragão passou a diligenciar no sentido de influenciar na disposição e conteúdo dos futuros depoimentos e declarações de seu concunhado perante as autoridades competentes, com a omissão de fatos e combinação de versões, atuando ainda na produção de documentos ideologicamente falsos que pudessem ser apresentados às autoridades para ocultar a verdade”, segundo o MPF.
Pelo crime praticado, Aragão pode ser condenado a pena de reclusão de três a oito anos, bem como o pagamento de multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. “Outras denúncias poderão ainda ser apresentadas à Justiça no desenrolar das investigações”, diz o MPF.
Já Cabral é acusado da prática de crimes de corrupção e lavagem de capitais envolvendo contratos para realização de obras públicas pelo Estado do Rio de Janeiro.