10/06/2017 - 10:24
A colocação do cargueiro KC-390 no mercado fará com que o braço de defesa da Embraer seja o que menos sofra com as instabilidades políticas e econômicas atuais, de acordo com o presidente da empresa, Paulo Cesar de Souza e Silva. Enquanto isso, a área de aviação comercial da companhia ainda enfrentará desafios com o desaquecimento de grandes economias, como a chinesa e a russa, e a de jatos executivos não se recuperará tão cedo da retração pela qual passa o segmento passa globalmente desde que atingiu seu auge, em 2008.
Ao Estado, Silva destacou que a empresa, cujo lucro líquido caiu 65% no primeiro trimestre, também é prejudicada pelos escândalos de corrupção no Brasil. “A gente vê algumas empresas competidoras se utilizando disso para ganhar espaço em cima da Embraer no mercado internacional”, afirmou, sem dar detalhes sobre o assunto. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O sr. está prestes a completar um ano à frente da empresa. Quais foram os principais desafios nesse período?
O cenário é um pouco desafiador nos três negócios (aviação comercial, executiva e defesa), apesar de estarmos muito bem, com produtos atualizados. Nos últimos anos, na aviação comercial, as empresas compraram muito. Agora o mercado está dando um intervalo. Há também conflitos no mundo que atrapalham, como o Brexit e os atentados na França no ano passado. Isso coloca uma cautela maior em relação aos próximos anos na aviação comercial. Na executiva, o mercado ainda não se recuperou. Em 2008, os fabricantes entregaram 1.350 aviões. No ano passado, 650. A defesa é talvez onde tenhamos menos incertezas. O KC é um produto que vai entrar num segmento em que hoje só há aviões antigos.
Nesse período, a empresa também fechou um acordo com autoridades nos EUA e no Brasil para encerrar acusações de pagamento de propina para fechamento de contratos. Como esse caso e os escândalos de corrupção no Brasil prejudicam a imagem da Embraer no exterior?
O caso da Embraer não (prejudica), já viramos a página. Emitimos um bônus em janeiro para captar captação de US$ 500 milhões e tivemos demanda para US$ 5,5 bilhões. Isso mostra que a empresa não tem nenhum problema. Em relação ao que acontece no Brasil, essa questão ética afeta. Eu lamento quando a gente vê algumas empresas competidoras se utilizando disso para ganhar espaço em cima da Embraer.
Há exemplos de casos em que isso ocorreu?
Não acho bom citar exemplos, mas tem acontecido.
O lucro da empresa caiu 65% no começo do ano, mas vocês mantiveram a previsão de fechar o ano com lucro de pelo menos US$ 5,7 bilhões. Como farão para atingir essa meta?
Na nossa indústria, é muito difícil avaliar só por um semestre. A gente prefere olhar o ano. As entregas não são distribuídas iguais por trimestre. A gente também vai tomar medidas de eficiência operacional, fazer uma nova redução de custos (além do corte de US$ 200 milhões anunciados em 2016). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.