22/06/2017 - 9:06
As irregularidades apontadas por autoridades norte-americanas na carne bovina brasileira, ligadas a reação à vacina contra febre aftosa, referem-se a questões contratuais e não representam risco sanitário, segundo apurou o Estadão / Broadcast com fontes ligadas ao setor.
Em decorrência da queixa apresentada pelos norte-americanos, o Ministério da Agricultura anunciou anteontem a suspensão das exportações da proteína animal de cinco frigoríficos brasileiros para os EUA. A proibição continuará em vigor até que sejam adotadas “medidas corretivas”, disseram técnicos do ministério.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, os abscessos encontrados na carne estariam relacionados a componentes da vacina, que teriam causado uma reação alérgica no local. Ele explicou que as exportações – assim como qualquer tipo de operação de compra e venda – estão sujeitas a regras e critérios previstos em contrato. “O importador abrir um pedaço de carne e encontrar nela um abscesso é motivo para suspender as compras, pois este problema não está em conformidade com a especificação acordada anteriormente”, disse o executivo.
O representante da Abiec fez questão de ressaltar, porém, que esses abscessos têm o potencial de causar dano à imagem do produto brasileiro, pela perda de qualidade. Além disso, os cuidados que devem ser tomados pelos pecuaristas na hora da vacinação para evitar a formação desses abscessos também representam custos adicionais. Camardelli comenta que parte do problema está relacionada à própria vacina, que continua apresentando alguns problemas e até agora nenhuma correção foi feita por parte dos fabricantes.
Reação
Enrico Ortolani, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, explicou que a reação do bovino à vacina não representa um risco sanitário, de doença ou contaminação. “Trata-se de uma reação alérgica local. O nódulo aparece apenas na região em que a vacina foi aplicada”, diz. Ortolani se diz surpreso com a suspensão, uma vez que o fenômeno também acontece em outros continentes que ainda vacinam o rebanho contra aftosa, como a África e Ásia.
“Recebemos um professor da Grã-Bretanha que está estudando o mesmo problema em outras regiões. É característico deste tipo de vacina, conhecida como vacina oleosa”, explicou. O professor acrescentou que a vacina pode gerar uma espécie de “caroço” na região da aplicação também por questões de mau uso ou por armazenamento incorreto. Essa reação criaria uma espécie de nódulo na região. “Mas é importante destacar, essa reação não representa nenhum risco à saúde do bovino ou humana. É apenas uma reação alérgica localizada.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.