26/06/2017 - 14:59
O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) levantou fortes críticas ao seu partido e repetiu que a legenda deveria deixar a base de apoio ao presidente Michel Temer (PMDB). Além disso, o tucano afirmou que Temer deveria ter um “gesto de grandeza” e enviar ao Congresso uma proposta para antecipar as eleições presidenciais e realizar o pleito daqui a oito meses.
“A antecipação das eleições para um prazo razoável significa a possibilidade de eleger um novo governo legitimado pelo voto da população”, disse o senador em conversa com jornalistas após um debate sobre reforma política. “Com uma medida como essa, eu acho que ele dá uma pacificada geral, mostra desapego e produz um gesto de bastante grandeza”.
Ferraço afirmou que a antecipação das eleições deveria ser proposta por Temer, assim como sugeriu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e apoiada pelo PSDB. “O governo não me parece ter condições de continuar liderando essas transformações”, afirmou Ferraço, ao falar das reformas.
Commodity
O senador criticou o PSDB e afirmou que seu partido deveria fazer um “mea culpa” ao País após ter se tornado uma “commodity”. “Eu acho que nós nos afastamos dos nossos princípios, dos nossos valores e viramos, de certa forma, uma commodity”, afirmou.
Ferraço defendeu que Aécio Neves se afaste definitivamente da presidência da legenda e abra espaço para a eleição do senador Tasso Jereissati (CE) como o presidente definitivo do partido.
“Uma vez presidente em definitivo, ele começará a construção de uma trajetória de reencontro do PSDB com seus valores, princípios e propósitos”, defendeu Ferraço. “Eu acho que nós erramos e precisamos ter a humildade de admitir os equívocos publicamente, fazer um mea culpa e de reconstruir a nossa história.”
Conselho de Ética
Ferraço afirmou que foi precipitada e equivocada a decisão do presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), ao arquivar o pedido de cassação contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).
“Foi precipitado. Ele deveria ter minimamente distribuído o processo a um relator, que deveria por óbvio ouvir o senador Aécio e seu advogado”, disse Ferraço, após participar de um debate sobre reforma política em São Paulo. “Eu acho que passou um sentimento de corporativismo e impunidade. Isso não foi bom”, declarou o senador.