Embora tenha evitado fazer comentários sobre a crise política, ressaltando o caráter técnico de seu trabalho, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta quarta-feira, 28, em entrevista coletiva à imprensa, que segue trabalhando com a hipótese de o presidente da República, Michel Temer, concluir o mandato.

Ao ser questionado se pensou em deixar o governo, o titular da pasta da Fazenda respondeu que sua agenda não é política, mas sim econômica, e destacou o “foco no trabalho”. “Faço parte de uma equipe técnica, que tem foco econômico e total liberdade para trabalhar.”

Mesmo após adiantar que as previsões do governo sobre a atividade econômica deste ano estão sendo revistas para baixo, Meirelles reforçou que a economia está no caminho certo. Disse ter transmitido a investidores que participaram de um congresso promovido pelo Citi o compromisso com a meta fiscal que prevê déficit de R$ 139 bilhões neste ano.

Sobre o tema, voltou a dizer, contudo, que, se preciso, o governo vai subir impostos. Essa posição, segundo ele, coloca-se de forma mais pertinente neste momento.

Indicadores

Na entrevista dada após participar do evento do Citi, Meirelles destacou a melhora de indicadores econômicos, como a volta da criação, ainda que pequena, de postos de trabalho, e a queda da inflação que, junto com o “trabalho competente” do Banco Central (BC), abre espaço a novos cortes na taxa básica de juros.

Segundo Meirelles, a queda da inflação já começa, na margem, a aumentar o poder de compra da população, enquanto as mudanças nas regras de cartão de crédito, reduzindo juros do crédito rotativo, são importantes na retomada do consumo. “Há uma série de fatores econômicos que dão sustentação à retomada do crescimento”, afirmou o ministro.

Após participar do encontro com investidores, Meirelles disse que as decisões de investimentos no País começam a ser influenciadas pelo calendário eleitoral de 2018. Ao tratar de impactos da crise política, que avalia não serem dramáticos, o ministro avaliou que o foco dos investidores não está no que vai acontecer nas próximas semanas, mas sim no próximo ano. Porém, disse ver no mercado a percepção de que as reformas são agora percebidas como fundamentais no País e de que o modelo da atual política econômica deve prevalecer a partir de 2019.