02/07/2017 - 9:31
Mato alto, bancos e brinquedos quebrados, lixo acumulado e até uma árvore caída no meio de uma trilha. Moradores, cansados de esperar por uma solução da administração municipal, decidiram se unir e colocar a mão na massa para revitalizar praças e parques de seus bairros.
A Praça Horácio Sabino, na Vila Madalena, zona oeste da capital, foi reformada por moradores. Eles trocaram bancos, brinquedos, instalaram rampas de acesso e melhoraram a iluminação. A ideia surgiu em 2012 de um grupo de pais de crianças que se encontravam ali.
“A gente chegava com os bebês e encontrava a praça em estado ruim, mas gostávamos de ficar naquele espaço. Ficamos amigos e nos organizamos para, de tempos em tempos, cada uma ligar para a Prefeitura para solicitar a poda da grama, retirada de lixo. Às vezes dava certo, às vezes não. Foi quando percebemos que poderíamos nos organizar para fazer algo maior”, explicou Thais Hannuch, de 34 anos, uma das fundadoras da Associação Praça Horácio Sabino.
Nas conversas com frequentadores, descobriram que já havia um projeto de revitalização e decidiram atualizá-lo. Após criar a associação e de tratativas com a Prefeitura, conseguiram em outubro a autorização para iniciar as obras, de cerca de R$ 1 milhão, que foram financiadas por um fundo dos moradores. A associação também assinou termo de cooperação com a Prefeitura, em que fica responsável pela manutenção por três anos.
A praça foi reinaugurada em maio. “Foi a realização de um sonho ver um espaço tão querido ficar ainda melhor”, disse Thais. À tarde, são comuns piqueniques e festas de aniversário nos fins de semana.
A dona de casa Carolina Galico, de 40 anos, não ia à praça antes por causa da sujeira e do receio de os filhos de 8 e 3 anos se machucarem em brinquedos quebrados. “Mas, agora, está uma delícia. Tudo bem cuidado e limpinho. Atraiu mais frequentadores e, então, são mais crianças para meus filhos brincarem”, contou.
O Parque Cemucam (Centro Municipal de Campismo), em Cotia – na Grande São Paulo, mas gerido pela Prefeitura da capital -, teve contratos de manutenção e segurança encerrados no segundo semestre de 2016.
Por isso, se formou a Associação dos Amigos do Parque Cemucam, para fazer mutirões de retirada de lixo, corte de grama e manutenção das pistas de caminhada, mountain bike e aeromodelismo. Eles também se revezam para ficar na portaria.
“O pessoal fica chateado porque paga imposto, mas tem de fazer vaquinha até para comprar material de limpeza. Fazemos isso porque é um espaço nosso, que queremos ver bem cuidado”, disse o empresário Francisco Élio Oliveira, de 54 anos, presidente da associação. Há uma semana, eles retiraram árvore caída há um ano na pista de mountain bike. Após campanha, reuniram R$5 mil para contratar maquinário de remoção.
A Secretaria do Verde e Meio Ambiente disse que a atual gestão recebeu vários parques sem contratos de manejo, zeladoria e vigilância. Os primeiros restabelecidos foram os de vigilância, sendo o Cemucam um dos contemplados – tem hoje 9 vigilantes diurnos e 7 noturnos. Os demais contratos, acrescentou, estão em processo de licitação, mas não informou prazos.
Educação. Duas escolas viram em praças malcuidadas uma chance de aprendizado. No Colégio Santi, a ideia de revitalizar a Praça Santíssimo Sacramento, no Paraíso, zona sul, surgiu de alunos de 6.º a 9.º ano em um projeto de sustentabilidade.
Após conversa com moradores e comerciantes, descobriram que a demanda era por mais plantas e grama em canteiros, sombra e limpeza. Junto da Prefeitura Regional, plantaram mudas, horta e limparam o local. Taxistas se ofereceram para regar as plantas.
No Colégio Stance Dual, os alunos também definiram a revitalização da praça próxima da escola, na Bela Vista, região central. A reforma deve custar R$ 50 mil. Como a Prefeitura disse não ter verba, eles buscaram parceiros e vendem até doces e rifas para arrecadar o valor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.