O pesquisador Luiz Felipe Magalhães, do Observatório das Metrópoles da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e do Observatório das Migrações da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), avalia que país precisa considerar e valorizar a história anterior do refugiado que busca trabalho no país. “Sua qualificação, sua formação, sua cultura, tudo aquilo de bagagem que ele traz de lá para cá não é reconhecido. Ele é visto apenas no momento em que chega e, ao chegar, são destinados a ele os segmentos mais subalternizados do mercado de trabalho”, apontou.

São Paulo - O professor nigeriano Olawale Shakuru leciona inglês na ONG Abraço Cultural, na qual todos os professores são refugiados (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Os refugiados têm dificuldade de usar sua qualificação profissional no mercado de trabalho brasileiro. Aqui, o professor nigeriano Olawale Shakuru leciona inglês na ONG Abraço CulturalRovena Rosa/Agência Brasil

Para alterar essa realidade, Magalhães acredita que são fundamentais campanhas de esclarecimento sobre a condição de refúgio. “A sociedade brasileira aprendeu a associar refugiados a fugitivos, às vezes, até como criminoso.”

Magalhães aponta que, ao considerar as dificuldades que refugiados encontram para a inserção no mercado de trabalho, é preciso observar as redes de relações que se estabelecem para cada fluxo de migração. No caso de refugiados sírios, por exemplo, é possível contar com o suporte de imigrantes que já se estabeleceram no país há mais tempo para conquistar uma vaga condizente com a formação.

O pesquisador acrescenta, no entanto, que essas dificuldades também decorrem de limites impostos aos estrangeiros pela lei brasileira. “No geral, há muita dificuldade de inserção dentro da qualificação profissional por conta de um resultado histórico das leis, tanto de refúgio, quando de migração, que dificultam muito a validação dos diplomas e certificado estrangeiro aqui no Brasil, não obstante o avanço que significa a Lei de Refúgio em relação à de migração”, avaliou.