Segundo imprensa israelense, governo do premiê planeja ocupar áreas até mesmo onde reféns são mantidos pelo Hamas, apesar da oposição de setores militares e de familiares dos sequestrados.O governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pretende ordenar a ocupação total da Faixa de Gaza, incluindo zonas onde estão sendo mantidos reféns em poder do grupo terrorista Hamas, segundo informaram na noite de segunda-feira (04/08) vários veículos da imprensa israelense.

As informações sobre os planos do governo Netanyahu foram publicadas poucos dias depois de o Hamas divulgar um novo vídeo mostrando um refém israelense debilitado e em meio a um impasse nas negociações entre o grupo palestino e Israel.

Uma fonte do gabinete de Netanyahu confirmou ao jornal The Jerusalem Post que o primeiro-ministro tomou a decisão de ocupar totalmente a Faixa de Gaza, apesar da oposição de vários militares das Forças de Defesa de Israel (FDI). “O gabinete do primeiro-ministro transmitiu a mensagem ao chefe do Estado-Maior (do Exército, Eyal Zamir): Se isto não lhe convém, então demita-se”, disse uma fonte do gabinete do premiê, fazendo uma referência ao general com quem Netanyahu tem protagonizado atritos.

Segundo o The Times of Israel, a oposição das Forças Armadas decorre da preocupação de que o Hamas execute reféns à medida que as tropas avançarem, como aconteceu no final de agosto de 2024 com seis reféns. Organizações que representam familiares de reféns levados pelo Hamas em 2023 também têm advertido para os riscos da expansão da ocupação de Gaza, temendo pela segurança dos reféns.

Ainda assim, segundo os veículos da imprensa israelense, o governo Netanyahu está convencido a lançar uma ocupação total. A informação sobre a ordem dada às FDI também foi divulgada pelos canais i24 e Keshet 12 e o portal Ynet. “A sorte está lançada — vamos ocupar totalmente a Faixa de Gaza”, disse um membro do gabinete, segundo o Ynet. Em maio, as Nações Unidas haviam estimado que 70% de Gaza estava sob ocupação israelense ou sob alvo de ordens de evacuação.

Até agora, eram principalmente ministros da extrema direita e parceiros da coalizão ultrarreligiosa do governo de Netanyahu que vinham exigindo a captura total da Faixa de Gaza. Eles também vêm exigindo a deportação da população palestina para outros países e o estabelecimento de colônias judaicas no enclave.

De acordo com relatos da imprensa israelense, o general Zamir teria se envolvido em discussões acaloradas com os ministros de extrema direita em reuniões anteriores do Gabinete de Segurança do país.

A oposição aos planos também vem de outros setores. Ainda nesta semana, mais de 500 ex-funcionários de segurança de Israel, entre eles vários ex-chefes do Mossad e da agência de segurança interna – o Shin Bet -, pediram ao presidente americano, Donald Trump, que pressione Netanyahu a pôr fim à guerra. “Parem a guerra em Gaza!”, exorta a carta, assinada por 550 ex-chefes de espionagem, militares, policiais e diplomatas.

Netanyahu “está levando Israel para a ruína e os reféns, à morte”, denunciou, por sua vez, o Fórum de Famílias de Reféns, a principal organização de familiares dos sequestrados. “Há 22 meses, vende-se ao público a ilusão de que a pressão militar e os intensos combates trarão os reféns de volta”, mas estes discursos “não são mais que mentiras e enganos”, avaliaram os familiares.

Das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas durante seu ataque a Israel, 49 não foram libertadas e destas, 27 teriam morrido, estima o exército israelense.

A guerra em Gaza foi desencadeada pela ofensiva terrorista lançada pelo grupo Hamas em Israel no dia 7 de outubro de 2023, que deixou 1.219 mortos, a maioria civis, segundo um levantamento baseado em dados oficiais.

A ofensiva de retaliação de Israel já matou mais de 60 mil pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

jps (dpa, AFP, Lusa, ots)