Nada como um dia depois do outro. Pouco mais de três meses após ter registrado um tombo de R$ 220 bilhões, por conta da delação do empresário Joesley Batista, da J&F, no dia 18 de maio, a B3 (antiga Bovespa) atinge o maior valor de mercado de sua história, batendo na casa de R$ 2,78 trilhões. A causa da disparada foi o anúncio feito pelo governo da intenção de privatizar a Eletrobras, a holding estatal do setor elétrico, na terça feira, 22.

Segundo a consultoria Economatica, os papéis da estatal tiveram um crescimento de 44,82%, atingindo  R$ 29,3 bilhões, uma variação de R$ 9,1 bilhão sobre o pregão do dia anterior. Trata-se da maior variação registrada na terça feira nas bolsas de valores da América Latina e dos Estados Unidos de  papéis de companhias  abertas com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão, acompanhadas pela Economatica.

Com isso, a Eletrobras, que na véspera do anúncio era a 30ª empresa em valor da Bovespa, galgou 14 posições, passando a ser a 16ª do ranking. A primeira continua sendo a Ambev (R$ 310 bilhões), seguida pelo Itaú Unibanco (R$ 241 bilhões), Bradesco (R$ 196 bilhões) e Petrobras (R$ 177 bilhões).

Os 70.011 pontos alcançados na terça feira representam uma virada em relação ao início de 2016.  No dia 26 de janeiro do ano passado, afetada pelas turbulências desencadeadas pelo processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff , a bolsa brasileira apresentou seu pior desempenho desde a crise de 2008, registrando um valor de mercado de R$ 1,64 trilhão. De lá para cá, o crescimento foi de R$ 1,13 trilhão.

A questão, agora, é se esse movimento de alta vai se sustentar no médio e longo prazo. Passada a euforia inicial do mercado com o anúncio, algumas dúvidas começam a surgir.  Qual o tamanho da Eletrobras que será posta a venda é uma delas. O governo já avisou  que joias da coroa, como Itaipu e Eletronuclear, ficarão de fora do pacote.

Também se especula que outras empresas abrigadas sob o guarda-chuva da estatal, como a Companhia Hidro Elétrica  do São Francisco (Chesf), Eletronorte e Furnas, podem ser excluídas, devido a pressões políticas regionais da base de sustentação do presidente Temer.  Afinal, essas empresas são apreciadas pelo grande potencial de empregos, cargos e “bons negócios”. Não por acaso, as ações da Eletrobras abriram em queda de 8%, nesta quarta feira.