28/08/2017 - 11:01
A jovem Lua conseguiu neste domingo, 27, ver o Sol durante o dia. Além dela, o público que compareceu ao Parque do Ibirapuera para a Virada Sustentável ganhou a chance de ver o astro com a ajuda de um telescópio e aprender sobre as manchas solares e a influência delas na vida na Terra.
A estudante de Publicidade Natália Gomes, de 32 anos, compareceu com a filha Ana Lua, de 4 anos. “Achei bacana, principalmente para as crianças. Ela não entendeu muito, mas já despertou um interesse”, disse. “Não temos a oportunidade de observar o céu no dia a dia.”
Outros, mesmo com mais oportunidades, não deixaram de ir. “Vim no evento porque tenho uma casa em Alto Paraíso (GO) e gosto de ir para lá ver as estrelas”, afirmou a designer Lina Magalhães, de 20 anos.
O educador musical Rafael Gavioli, de 33, queria ser astrônomo na infância e possui até um telescópio em casa. Mesmo com algum conhecimento sobre o assunto, gostou de saber mais sobre as manchas solares. “Na internet tem muita informação e imagens, mas faltam oportunidades de acesso a esse conhecimento na prática, com vivências”, disse.
João Eduardo Fonseca, professor da Escola Municipal de Astrofísica Professor Aristóteles Orsini (EMA), que fica no Planetário do Ibirapuera, relatou que as manchas solares causam tempestades e ejeção de massa, ou seja, uma liberação de partículas. Esse processo resulta nas auroras boreal e austral. “O fenômeno é muito bonito, mas afeta a distribuição de energia em países e regiões como Alasca, Canadá e Noruega”, destacou.
A ejeção de partículas também pode, por exemplo, causar cancelamento de voos entre Nova York e Londres, por causa da rota dos aviões. Para Fonseca, eventos como a Virada são importantes para levar o conhecimento científico ao público leigo. “Esse é o nosso papel. A ciência não deve ser exclusiva das universidades, faz parte da vida das pessoas.”
Poluição
Da programação da Virada Sustentável também constou uma palestra sobre como a poluição luminosa afeta nossa capacidade de observar o céu. Segundo o professor João Eduardo Fonseca, a má distribuição de luzes nas grandes cidades provoca desperdício de recursos, uma vez que a luminosidade mal planejada é difundida para cima e para outras direções, em vez de iluminar apenas o local em que isso é necessário.
Além disso, o excesso de fontes de iluminação atinge ecossistemas, interferindo na migração de pássaros, no ciclo reprodutivo de insetos e anfíbios e provocando até desorientação em algumas espécies. “A poluição luminosa também afeta a vida dos seres humanos, uma vez que focos de claridade artificial mal concebidos podem invadir as casas e atrapalhar o sono alheio, além d e promover insegurança nas ruas.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.