19/09/2017 - 21:15
Apesar da seca e do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o governo decidiu não acionar as usinas termelétricas mais caras, cujo custo está acima do preço da energia no mercado à vista. No jargão do setor elétrico, isso significa que o governo não aprovou o despacho fora da ordem de mérito.
A decisão foi tomada após uma análise de custos e benefícios feita pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão presidido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em reunião extraordinária realizada nesta terça-feira (19).
Com essa decisão, permanecerão desligadas as térmicas cujo custo da energia supera o preço no mercado de curto prazo (PLD). Na semana passada, o PLD estava em R$ 533,82 por megawatt-hora (MWh).
Se essas usinas fossem ligadas, as contas de luz poderiam passar a ter a cobrança do segundo patamar da bandeira vermelha, que adiciona R$ 3,50 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. Atualmente, as tarifas estão com bandeira amarela, cuja cobrança adicional é de R$ 2,00 a cada 100 kWh. O atual custo da energia sinaliza a necessidade da ação do primeiro patamar da bandeira vermelha, que acrescenta R$ 3,00 a cada 100 kWh.
Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o governo chegou à conclusão de que o acionamento das termelétricas mais caras teria forte impacto no preço da energia, mas não seria suficiente para poupar água nos reservatórios das hidrelétricas.
De acordo com nota divulgada pelo MME, a previsão para as próximas semanas é de chuva fraca a moderada nas bacias do Sul e pouca ou nenhuma chuva no Sudeste e Centro-Oeste. Para os próximos dois meses, os reservatórios das hidrelétricas devem continuar baixos, reconhece o MME. Apesar disso, o governo reiterou que não há risco de desabastecimento, frisou o órgão.
“A partir da precificação do deslocamento hidráulico visando a adequada alocação de custos, o CMSE não recomendou a geração termelétrica fora da ordem de mérito após avaliação de custo-benefício. Ainda assim, ressaltou-se que está garantido o suprimento eletroenergético do Sistema Interligado Nacional (SIN), com previsão de aumento do custo associado à geração”, diz a nota.
No lugar das térmicas mais caras, o CMSE decidiu adotar medidas alternativas, como o aumento da importação de energia da Argentina e do Uruguai e uma campanha de estímulo à economia de energia.
O governo também vai tentar viabilizar o acionamento das usinas térmicas com preço mais competitivo, como Araucária e Cuiabá, movidas a gás, e Termonorte II, a óleo combustível.