Uma montadora de carros oferecendo um serviço de compartilhamento de bicicletas. Uma década atrás isso pareceria loucura, mas hoje é o que as fabricantes de carro estão fazendo de modo a se reinventarem. Prova disso é que a Ford passou a operar um sistema de bicicletas compartilhadas em São Francisco, nos EUA, e recentemente lançou outro nas cidades de Colônia e Dusseldorf, na Alemanha. Rogélio Golfarb (ao lado), vice-presidente de estratégia de negócios da Ford no Brasil, falou com a coluna sobre iniciativas como essas:

A Ford anunciou o compartilhamento de bicicleta na Alemanha, algo que foge do negócio da montadora, que é a produção e a venda de carro. O que mais está sendo feito?
A Ford era produção de carro. Hoje, a Ford é produção de carro, mobilidade e inovação. Nós e a indústria como um todo vamos inovar mais nos próximos cinco anos do que inovamos nos últimos 50 anos. Essas bicicletas têm um vínculo direto com a mobilidade, mas também têm informações importantes. Conseguem medir o tempo que as pessoas usam, os horários… Elas dão informações sobre o fluxo, a demanda e as necessidades.

Por que a Ford precisa dessas informações?
Para aprender mais como as pessoas utilizam o transporte. No fundo, esse projeto serve como aprendizado. Quando você tiver cidades conectadas, fazendo interface com os carros, você tem a chance de melhorar a vida das pessoas.

De que forma?
Nós vamos lançar um novo Mustang que lê e sincroniza a sequência dos faróis em algumas cidades inteligentes nos Estados Unidos. Quando você tiver carros conectados com outros sistemas das cidades, você terá uma leitura de trânsito muito melhor do que temos hoje. Ele vai te dizer que horário sair de casa, se é melhor ir de carro e assim por diante. Isso abre portas para um mundo de oportunidades.

E o Brasil, como o País será contemplado nesse quesito mobilidade?
Em São Paulo, por exemplo, ainda temos muito a caminhar. Os faróis aqui não são conectados.

No caso da Ford, o que está sendo feito?
Já fizemos testes com aplicativos de carona, testes com compartilhamento de carros dentro da empresa. É preciso entender com profundidade o comportamento do consumidor, que está no centro de tudo.

(Nota publicada na Edição 1038 da Revista Dinheiro)