05/10/2017 - 7:28
Diante da repercussão do plebiscito catalão (a votação pela independência da Catalunha em relação à Espanha venceu no dia 1º de outubro), o movimento Sul é o Meu País vai promover no sábado, 7, uma consulta popular com a pergunta: “Você quer que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?”.
Com mais de 30 mil voluntários e 3.043 urnas disponíveis, os organizadores sonham com a participação de mais de 1 milhão de votantes assinalando a opção “sim”. “Se, assim como ocorreu na Espanha, o governo central quiser pelear, nós também vamos pelear pelo nosso direito”, disse o coordenador do movimento, o jornalista Celso Deucher.
Apesar da disposição de pelear, nenhuma repressão ao plebiscito é esperada. De fato, o resultado favorável à separação não terá nenhuma consequência prática. “Trata-se de uma votação simbólica, mas que vai servir como coleta de assinaturas para pressionar o Congresso para, em 2018, aprovar um plebiscito oficial, que deve ser realizado com a eleição presidencial”, afirmou Deucher.
Segundo os organizadores, a condição mínima para votar é que o eleitor seja maior de 16 anos e morador de um dos três Estados. Ainda segundo a organização, o custo do plebiscito ficou em torno de R$ 25 mil, dinheiro que teria sido arrecadado pelos próprios colaboradores do grupo.
Deucher nega que o movimento tenha como base o preconceito em relação às outras regiões do País, mas deixa escapar pensamentos como: “Estamos cansados de trabalhar aqui embaixo enquanto os de cima aproveitam do banquete”.
Ainda não existe uma definição de como seria a República Sul Brasileira – esse é um nome fantasia usado por alguns membros do Sul é o Meu País. Existe ainda uma ideia rudimentar de batizar a própria moeda de “pila” – nome que, segundo Deucher, seria popular na região.
O grupo quer que o resultado do plebiscito crie uma pressão popular, mas não deseja conflito com o país chamado Brasil. “Nossas relações precisam ser de parceria e cooperação”, disse Deucher, que descarta qualquer impedimento de brasileiros nativos de outros Estados adentrem ao território sulista no futuro. “Não pensamos nas coisas de passaporte, por exemplo.”
Os separatistas ainda não encontram uma forma de equacionar a questão dos sulistas aposentados pelo “país vizinho”. Será que o governo brasileiro seria o responsável por pagar essas aposentadorias? Não se sabe. Como proposta, Deucher diz que o novo país pode ter vereadores não remunerados e a possibilidade do advento de prefeitos contratados – que poderiam ser despedidos ao primeiro sinal de fraqueza.
Para o cientista político Rodrigo Augusto Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, esse tipo de movimento nasce “da nossa dificuldade de realizar uma reforma política e tributária”. “A sensação de que alguns Estados são prejudicados pela União cria esse tipo de movimento, que mesmo inconstitucional, tende a crescer e se espalhar por várias regiões.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.