O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que a queda da inflação sustentará a retomada permanente do consumo, que não está ocorrendo apenas pela liberação dos saques das contas inativas do FGTS. “Depois do consumo vamos precisar do investimento, que só vem pela volta da confiança”, afirmou.

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Ilan Goldfajn foi questionado sobre como será o financiamento de investimentos depois da devolução de recursos do BNDES à União e com a nova taxa de longo prazo (TLP).

Ele não citou o banco de fomento diretamente, mas disse que incentivar a infraestrutura é fundamental. “Quem vai financiar são os investidores. Há interesse de investidores estrangeiros se tiver perspectiva razoável para a economia”, completou.

O presidente do BC citou estimativas de mercado mostrando que a TLP pode levar à queda nos juros brasileiros. “Juro mais baixo para todo mundo é melhor do que só para alguns. Temos que acabar com a meia-entrada”, afirmou.

Lembrou ainda medidas tomadas em relação ao rotativo do cartão de crédito, que reduziram os juros pela metade, segundo ele. “Não é pouca coisa.”

Questionado sobre o fim da isenção de imposto de renda para papéis agrícolas, como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Ilan disse que o instrumento é válido, mas que a questão fiscal deve ser resolvida pelo governo.

Em relação à previsão de acordo de leniência do BC com instituições financeiras, prevista na MP 784, Goldfajn disse que não há previsão de sigilo depois que os acordos forem firmados. Ele afirmou que, assim como acontece em outros órgãos, os acordos podem não ser divulgados apenas no período de negociação.

Reformas

Segundo Ilan, a realização das reformas estruturais é “inevitável”. Mais cedo, ele havia mencionado um eventual adiamento das reformas dentro do balanço de riscos à condução da política monetária, atualmente em ciclo de queda de juros.

O presidente do BC foi advertido pouco antes por dois senadores, um deles da base do governo, sobre a dificuldade em avançar com a reforma da Previdência em meio à proximidade do calendário eleitoral. Mesmo assim, não fez comentários específicos sobre esse adiamento durante audiência pública na CAE do Senado.

“Não há como escapar de fazer as reformas em algum momento, e quanto mais cedo, melhor”, afirmou Ilan Goldfajn. “As despesas obrigatórias vão crescendo e ocupando espaço dentro do teto. Isso tem que ser feito de qualquer forma”, acrescentou.

Ilan deixou a audiência no Senado sem falar com a imprensa.