As quatro maiores instituições financeiras do Brasil – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Caixa Econômica Federal – concentram 78,65% das operações de crédito no País, conforme dados divulgados nesta terça-feira, 17, no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do Banco Central. Os números referem-se ao mês de junho (fim do primeiro semestre de 2017). Em dezembro do ano passado, o porcentual era de 79,16%.

Essas quatro instituições concentram 72,98% dos ativos e 76,74% dos depósitos. Em dezembro, os porcentuais eram de 72,84% e 78,48%, respectivamente.

A série histórica informada pelo Banco Central, iniciada em dezembro de 2007, mostra que desde a crise financeira global, que estourou em 2008, os níveis de concentração nos quatro maiores bancos vêm aumentando.

Em dezembro de 2007, eles abarcavam 54,67% das operações de crédito, 52,58% dos ativos e 59,32% dos depósitos.

Conservadorismo

O REF divulgado pelo Banco Central destaca que, diante das incertezas do período atual, os bancos têm adotado uma postura conservadora, aumentando liquidamente as provisões e concedendo crédito em patamar aquém do verificado antes da crise.

“A evolução nos indicadores de riscos continua a não apresentar uma tendência clara de melhora. Se, por um lado, indicadores tradicionais de atraso (inadimplência, pré-inadimplência) estão em ritmo de estabilização ou baixa, por outro, a qualidade do portfólio ainda demonstra evidências negativas (aumento de reestruturações, carteira de ativos problemáticos em nível elevado)”, avalia a autoridade monetária.

O documento aponta que em 2017 há estabilidade do nível da carteira de ativos problemáticos dos bancos privados, mas ressalta que nos bancos públicos de desenvolvimento esses ativos mantêm tendência de crescimento desde dezembro de 2015.

O REF detalha que o nível de provisões comparado com a carteira de ativos problemáticos subiu de 83% para 85% no primeiro semestre de 2017. “Destaca-se que, diante da crise recente pela qual passou o País, tanto o nível atual quanto a constituição líquida de provisões recente coadunam para a percepção de que os mitigadores de riscos têm adequado tratamento pelo sistema financeiro”, completa o BC.

Desalavancagem

O Banco Central avaliou nesta terça, em seu REF, que “o processo de desalavancagem dos balanços das corporações não financeiras e os critérios restritivos de concessão dos bancos diante da piora na qualidade da carteira de crédito a empresas têm refletido em fraca concessão de crédito”.

A instituição pontuou que o crédito ainda é negativo tanto para as pequenas e médias quanto para as grandes empresas. No entanto, o ritmo de queda tem se tornado “ameno”. “Houve piora no primeiro semestre de 2017 na percepção de riscos relacionados a ativos problemáticos das empresas de grande porte e de alguns setores da economia, principalmente ‘transporte’, ‘construção, madeira e móveis’ e ‘varejo'”, registrou o BC. “A inadimplência das empresas elevou-se. O volume de baixas para prejuízo é elevado, e as reestruturações e as renegociações dobraram nos últimos dois anos”, acrescentou a instituição, ao avaliar o ambiente empresarial no País.

Por outro lado, conforme o BC, a “queda recente na pré-inadimplência sugere que o ciclo de aumento de materialização de risco nas pequenas e médias empresas estaria chegando ao fim”. No caso das empresas de grande porte, a instituição avalia que elas podem enfrentar aumentos de ativos problemáticos no curto prazo. “O volume de provisões constituídas pelas instituições financeiras para cobertura de riscos decorrentes de ativos problemáticos é confortável, o que minimiza riscos para a estabilidade financeira”, acrescentou o BC.