Tradicionalmente, os empresários brasileiros que pensavam em expansão internacional se preparavam para uma rotina de travessias do Oceano Atlântico. Já Persio Arida, sócio do banco de investimentos BTG Pactual, olha com mais interesse os movimentos através do Pacífico. “As duas regiões mais dinâmicas do mundo hoje são a Ásia e a América Latina, e elas estão em um movimento crescente de integração de suas economias”, diz ele. Por isso, faz todo o sentido crescer na América Latina e surfar nessa onda de prosperidade que deve durar por pelo menos mais uma década, em que as economias não apenas vão crescer, mas vão tornar mais intensos seus fluxos de comércio. 

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Arida (à esq.) e Esteves: surfando no crescimento da região e dos fluxos de comércio.

Na quarta-feira 8, o banco anunciou uma fusão com o banco de investimentos chileno Celfin, sua primeira aquisição lá fora. O fechamento da transação foi antecipado pela DINHEIRO em janeiro. O negócio cria um banco grande e relevante em termos internacionais. Somadas, as duas instituições financeiras terão cerca de R$ 180 bilhões em ativos e 1.900 funcionários. Além do Chile, o Celfin possui atividades no Peru e na Colômbia. O grosso das atividades do Celfin está na corretagem e na administração de recursos, mas o banco também realiza operações clássicas de atacado bancário. Segundo o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, a meta é investir nas atividades de banco de investimentos, apoiando captações de recursos e operações de fusão e aquisição. 

O diferencial competitivo será o uso, em grande escala, de capital próprio. “Somos um banco de investimentos que investe, algo que desapareceu do mercado após a crise de 2008”, diz ele. As oportunidades são muitas. “O Peru tem uma importante indústria pesqueira, a Colômbia vem ganhando importância no mercado de petróleo e o Chile é um grande produtor mineral, além de ser um doador líquido de recursos”, diz o banqueiro, que descarta a hipótese de atuar no varejo. Para assumir o controle do Celfin, o BTG vai desembolsar US$ 245 milhões e também aumentará seu capital em 2,4%, emitindo ações que serão entregues a Jorge Errázuriz e a Juan Andrés Camus, chilenos que controlam o Celfin.

 

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