Campeonato mundial: no ano passado, o torneio aconteceu em Pequim e reuniu jogadores do mundo inteiro

Carlos Barria/reuters

Bill Gates: ele aprendeu a jogar ainda pequeno e hoje participa de torneios

O que Bill Gates, Warren Buffett, Omar Sharif e os integrantes da banda inglesa Radiohead têm em comum? Além de possuírem fama e dinheiro, um outro ponto muito mais irreverente os une: todos praticam bridge, jogo de cartas nascido na Inglaterra há quase 500 anos que exige uma boa dose de cálculos matemáticos, intuição e criatividade. ?No bridge, é preciso ser rápido no raciocínio?, explica Gabriel Chagas, 64 anos, executivo da consultoria de investimentos Eurovest, especializada na estruturação de emissões de títulos corporativos latino-americanos. Chagas conheceu o jogo na adolescência, em 1962, quando foi cursar o ensino médio nos Estados Unidos e aprendeu as regras do bridge com a família que o acolheu. Quando voltou ao Brasil, descobriu que alguns de seus amigos também gostavam da prática e, desde então, não parou mais. Ele já participou de 11 olimpíadas de bridge e, em 2008, ficou em nono lugar no campeonato realizado em Pequim. ?Atualmente, eu jogo de uma a duas vezes por semana, cerca de três horas por noite, normalmente no clube de bridge de São Paulo?, diz. Chagas, aliás, terá mais um motivo para treinar. É que de 29 de agosto a 12 de setembro o Hotel Transamérica, em São Paulo, será palco da 39a edição do World Team Championship (WTC), campeonato mundial de bridge que ocorre a cada dois anos, no qual 520 jogadores de 32 países disputarão a taça. ?Há um ano, estamos preparando a estrutura do WTC?, explica Ernesto d?Orsi, presidente de honra da Federação Brasileira de Bridge e organizador do evento.

À primeira vista, o bridge pode parecer mera diversão, um jogo de cartas para servir de passatempo. Não é. O esporte, que teria surgido em 1529, atualmente é muito praticado por 50 milhões de pessoas ao redor do mundo, grupo formado por profissionais acostumados a lidar com números como, por exemplo, empresários e principalmente analistas do mercado financeiro. E, por trás do baralho, escondem-se técnicas que estimulam o raciocínio rápido e a criatividade, características úteis em todas as esferas da vida, inclusive na profissional. Não à toa, os dois homens mais ricos do mundo praticam o esporte. Warren Buffett, dono do Berkshire Hathaway e mais conhecido como o Oráculo de Omaha, por suas apostas certas no mundo das finanças; e Bill Gates, fundador da Microsoft, são nomes famosos do esporte, participam de campeonatos e possuem até mesmo um baralho personalizado. ?Eu gosto do desafio, faz minha mente trabalhar.

Nati Harnik/ap photo

Warren Buffett: para ele, o bridge faz a mente trabalhar e ajuda na condução dos negócios

E ainda dizem que se você joga bridge não terá mal de Alzheimer?, costuma dizer Buffett. ?Além disso, jogar bridge é como conduzir os negócios.? A afeição dos dois bilionários pelo carteado é tão grande que, em dezembro de 2007, eles doaram US$ 1 milhão para difundir o ensino de bridge entre os alunos do ensino médio das escolas americanas.

JULIO VILELA/ag.istoé

Empresários e Profissionais: Leão Carvalho (à esq.) e Gabriel Chagas disputarão o torneio e acreditam que as habilidades desenvolvidas no jogo são cruciais no mundo corporativo

A ideia é fazer com que as crianças desenvolvam o raciocínio lógico e habilidade matemática. Isso pode não ter sido crucial, mas pode ter ajudado Bill Gates a ser o gênio que é hoje. Afinal, ele cresceu jogando bridge com seus pais. ?Esse tipo de exercício mental é útil para qualquer coisa que você queira fazer com excelência. O bridge mantém sua mente muito ativa?, diz Gates. Para Buffett, que joga cerca de 12 horas por semana, o esporte ajuda a compreender o parceiro e a ser tolerante. ?Como é um jogo de parceria, exige confiança e troca de informações com o companheiro. Ele também requer que se use planejamento, estratégia, astúcia, intuição e criatividade. Tudo o que é imprescindível na vida de um bom executivo?, conclui o bicampeão paulista Leão Carvalho, ex-presidente da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) e atual proprietário da fábrica de bobinas Opapel.