25/10/2017 - 17:06
Ainda que o tema compliance esteja na boca das empresas, uma pesquisa realizada pela consultoria Protiviti indica que pelo menos 45% das companhias brasileiras possuem baixo índice de boas práticas.
De acordo com Heloísa Macari, sócia-diretora da Protiviti, empresa que desenvolve projetos de governança e gestão de risco, grande parte dos entrevistados confirmou o interesse por reverter essa situação, ao mesmo tempo em que assumem a dificuldade em implementar mecanismos para prevenção e combate a atos ilícitos. “Notamos que muitas vezes falta até mesmo a percepção do que é um programa de compliance. Muitos empresários precisam buscar informação e o caminho para estruturar isso da maneira correta”, opina.
A pesquisa, feita em parceria com a empresa de educação digital CrossKnowledge, também identificou que entre as empresas com baixo índice de compliance, aquelas de pequeno e médio porte enfrentam mais dificuldades.
“Há uma preocupação, entre as médias, de ao menos entender o que é compliance e como isso pode beneficiar a empresa. Em casos de empresas familiares costuma ser ainda mais difícil assimilar a estruturação do programa, contratar bons profissionais e amadurecer tudo isso”, analisa a presidente do Instituto Compliance Brasil, Sylvia Urquiza.
Para ela, apesar de ser um assunto em alta no mercado, ainda é preciso demonstrar às empresas que implementar boas práticas de governança tem relação com investimento, não custo. “Temos um desafio cultural aqui, uma vez que muitas companhias não compreendem como o compliance ajuda a desenvolver seus negócios”.
Ainda assim, Sylvia acredita que essa situação tende a mudar no curto prazo graças ao aumento do interesse por certificação e implementação de compliance. “Vejo um cenário em que há empresários sem saber como agir nesse sentido, mas que estão buscando soluções. Assim, acredito que daqui 5 anos não estaremos mais discutindo isso e com uma porcentagem pequena de empresas sem um bom programa de boas práticas”, aposta.
A maneira como essa estrutura funcionará também merece atenção, destaca Heloísa Macari. “De fato, temos a necessidade de aprimorar o nível de compliance dessas empresas. Mas, uma vez em funcionamento, é preciso garantir que eles são efetivos e funcionam. Não pode existir apenas por existir e cumprir regras”, afirma.