08/11/2017 - 13:38
O parque industrial de São Paulo, o maior e mais diversificado do Brasil, registrou desempenho positivo em setembro em todas as comparações da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional. A melhora, porém, ainda é concentrada em algumas atividades, como a fabricação de derivados da cana de açúcar e de veículos automotores, frisou Rodrigo Lobo, analista da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Não se pode dizer que é uma recuperação muito consistente. É influenciada por uma base de comparação baixa e por crescimentos concentrados em determinadas atividades”, apontou Lobo.
A indústria alimentícia responde por 13,3% do parque fabril paulista, enquanto o setor de veículos automotores tem participação de 14,1%. Na passagem de agosto para setembro, o avanço de 1,3% teve nova contribuição da fabricação de derivados de cana de açúcar (cristal, refinado, VHP e melaço de cana), mas também de derivados de petróleo e biocombustíveis.
“Os quatro derivados da cana de açúcar representam 40% da indústria alimentícia de São Paulo e quase 6% de toda a indústria paulista”, apontou Lobo.
Embora o desempenho da região tenha ajudado a elevar a média global da indústria no mês, a maior contribuição para a alta de 0,2% na indústria nacional em setembro ante agosto foi do Rio de Janeiro.
A produção da indústria fluminense cresceu 8,7% no período, a maior taxa desde março de 2009, quando tinha crescido 9%.
“O resultado é puxado pelo setor de derivados de petróleo e biocombustíveis no Rio de Janeiro, retomando ao patamar de junho. Em agosto e setembro, a indústria do Rio cresce 12,1%. Em julho, ocorreu parada para manutenção de uma refinaria”, explicou o analista do IBGE.
A atividade de derivados de petróleo e biocombustíveis representa praticamente um quarto da indústria fluminense, enquanto as indústrias extrativas pesam outros 37%. “As duas atividades pesam em torno de 60% da indústria do Rio de Janeiro. Variações nessas atividades costumam ter influência significativa na indústria fluminense”, lembrou Lobo.
Apesar da melhora em setembro, a indústria do Rio ainda opera 14,8% abaixo do pico de produção alcançado em fevereiro de 2011, enquanto o parque fabril paulista está funcionando 19,4% aquém do ponto máximo registrado em março de 2011.
Na comparação com setembro de 2016, os dois estados também tiveram crescimentos expressivos, sendo um avanço de 5,0% em São Paulo e de 11,3% no Rio de Janeiro.
No Rio, cinco das 14 atividades pesquisadas registraram aumento na produção, com destaque para as elevações em derivados de petróleo (+46,7%, a maior taxa desde março de 2011), e veículos automotores (+60,5%, após uma alta de 63,8% em agosto).
“Boa parte dessa atividade de veículos tem como foco a exportação, especialmente os automóveis. Isso de certa forma permanece. Ainda que ainda não haja demanda doméstica aquecida, parte dessa produção está sendo escoada para o mercado externo. A atividade de veículos aparece entre os principais impactos positivos em vários estados produtores”, citou Lobo.
Em São Paulo, 11 das 18 atividades locais tiveram crescimento em setembro ante setembro de 2017, com avanços mais relevantes na indústria alimentícia (+11,4%) e veículos automotores (+15,5%). O Estado puxou o aumento de 2,6% na média nacional da indústria no período.
O índice de difusão em São Paulo ficou em 51,1% em setembro ante 56,9% em agosto. Em julho, o porcentual de produtos com aumento na produção já tinha ficado acima de 50%, aos 52,1%.
“A última vez com a maioria de produtos em alta em São Paulo por três meses seguidos foi de setembro a novembro de 2013”, lembrou o pesquisador do IBGE.