Com o anúncio da nomeação do novo diretor-geral da Polícia Federal sai de cena, no próximo dia 20, o mais longevo comandante da corporação no período democrático, Leandro Daiello Coimbra, que durante seis anos e dez meses dirigiu a instituição. Sob sua gestão, a PF protagonizou as maiores operações de combate à corrupção e a malfeitos em administrações públicas, como a Lava Jato, Acrônimo, Zelotes, Calicute e Ararath.

Quando assumiu a cadeira, em 2011, no governo Dilma Rousseff, Daiello pegou uma Polícia Federal renovada. Muitos investigadores veteranos haviam pedido aposentadoria e outros foram “encostados” em cargos burocráticos em uma renovação em todo o País promovida pelo antecessor, Luiz Fernando Corrêa.

Daiello não tinha em seus planos profissionais tal desafio. Em 2011 ele dirigia a PF em São Paulo e estava de malas prontas para assumir a adidância em Roma, seu sonho e de sua família. “Troquei Roma por Brasília”, resignava-se.

Com a mudança geral dos quadros da instituição, Daiello herdou um aparato idealista, com uma força jovem e de elevado grau de politização. Habilidoso e conciliador, soube contornar críticas.

A Lava Jato caiu no seu colo, em 2014, a partir da longa investigação do pessoal de Curitiba. Sob sua tutela, foi criado o Grupo de Inquéritos da Lava Jato no Supremo, o GINQ. Com os inquéritos apontando para políticos, Daiello foi se fortalecendo, especialmente porque sua saída era vista como retaliação à Lava Jato.

Resistiu à passagem de seis ministros da Justiça, que o mantiveram por sua lealdade e conhecimento das investigações. O segredo do diretor pode ser medido na declaração recorrente do ex-ministro José Eduardo Cardozo. Quando cobrado para ter maior controle sobre a PF, ele dizia que “o governo não exercia ingerências sobre as investigações da PF de Daiello. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.