11/11/2017 - 13:01
O grupo Caoa, que é dono de concessionárias de três marcas e produz automóveis da Hyundai em Anápolis (GO), decidiu apostar no crescimento da chinesa Chery no Brasil. A empresa brasileira adquiriu 50% da operação local da montadora chinesa, conforme acordo anunciado hoje. A companhia pagará cerca de US$ 60 milhões pelo negócio, que inclui uma fábrica na cidade paulista de Jacareí e a rede de revendas.
Inaugurada em junho de 2014, pouco antes da eclosão da crise econômica que fez o Produto Interno Bruto (PIB) recuar nos três anos seguintes, a fábrica da Chery consumiu US$ 400 milhões em investimentos e tem capacidade para produzir até 50 mil carros por ano. A companhia, no entanto, nunca chegou a montar mais de 10 mil unidades ao ano. A Chery buscava um sócio para a operação brasileira desde o início do ano passado.
A Caoa começou a negociar a parceria com os chineses ainda em 2016, conta o presidente do grupo, Mauro Correia. Depois de um período em que as conversas foram interrompidas, as partes voltaram a se falar neste ano. Entre idas e vindas, o executivo diz que as conversas levaram menos de 18 meses, o que ele considera um período curto para um acordo desse porte. A nova empresa passará a se chamar Caoa Chery.
Correia espera que o conhecimento que a Caoa tem do mercado local possa ajudá-la a concretizar projetos que a Chery, sozinha, não conseguiu levar adiante. Além de produzir carros da Hyundai, a companhia nacional tem concessionárias da marca coreana, da japonesa Subaru e da americana Ford.
Planos. De acordo com Correia, os planos para os próximos anos são ambiciosos: o objetivo da Caoa é lançar novos produtos a partir de 2018 para chegar, depois de um período de cinco anos, a uma participação de 5% no mercado brasileiro de automóveis. “Vamos complementar o portfólio e também reforçar a rede de distribuição, além de usar a nossa capacidade de marketing”, diz o executivo. “Acredito que essa meta é até conservadora.”
Atualmente, a Chery tem apenas dois modelos produzidos no Brasil: o QQ, carro mais barato do País, e o Celer. A companhia tem na manga outros produtos que teriam boa aceitação no Brasil, de acordo com Correia. Os automóveis da chinesa poderiam ser opção de bom custo-benefício para que consumidores que hoje usam carros mais básicos possam ter acesso a opções de veículos de maior valor agregado.
“Vamos oferecer produtos com tecnologia de ponta e design moderno para que o consumidor possa acessar uma nova categoria, a preços bem competitivos”, diz o presidente da Caoa. O executivo não revelou quais modelos pretende trazer ao Brasil, mas a própria Chery chegou a anunciar investimentos ambiciosos em projetos como o SUV Tiggo, que acabaram sendo adiados por causa da forte retração do mercado no País.
Atingir a meta de 5% de mercado faria a Chery ter uma fatia superior à exibida hoje por concorrentes como a Nissan e a Jeep – que detêm, respectivamente, 2,98% e 3,87% do total de emplacamentos de veículos, segundo o relatório da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) referente a outubro. Hoje, a liderança do setor de veículos é da americana General Motors, com 19,33%, seguida pela Ford (11,07%), Volkswagen (10,71%), Hyundai (10,31%) e Fiat (8,93%).
Produção. Além de reduzir a capacidade ociosa da unidade da Chery em Jacareí, a companhia também deverá usar parte de sua unidade em Anápolis (GO) para a produção de veículos da montadora chinesa. Correia, da Caoa, afirma que a unidade da Chery foi planejada em formato modular, o que amplia a versatilidade da produção, que permite a troca mais constante do portfólio produzido. Ou seja: é fabricado um menor número de unidades, com variedade maior de modelos.
Em relação ao desempenho geral do mercado, Correia diz preferir um crescimento moderado e constante do que um novo “pico” de produção, como o vivido pelo Brasil no início da década. Ele acredita que o setor de veículos deve fechar o ano com volume de 2,1 milhões a 2,2 milhões de unidades, com nova expansão moderada em 2018. Para que os projetos de montadoras sejam economicamente viáveis no Brasil, o executivo diz que será preciso pensar o País como plataforma de exportação.