26/11/2017 - 12:15
Smurfs, Bob Esponja, Shrek, miniparque de diversões, atrações circenses… Enquanto a decoração natalina dos shoppings está cada vez mais criativa, quem está perdendo seu lugar no trono central é o bom velhinho. O Papai Noel ainda não está com o emprego ameaçado, mas já não é mais a atração principal da maior parte dos centros comerciais. Levantamento feito pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’ em 35 shoppings da Grande São Paulo mostra que o personagem só está no centro do tema de decoração em cinco deles – nos demais, as filas para ganhar seu colo perdem espaço para outros chamarizes.
O fenômeno é nacional. No cardápio da empresa 2a1 Cenografia tem Barbie, Turma da Mônica, Dora Aventureira, Patrulha Canina e outros sucessos infantis. Dos 60 shoppings em todo o País que contrataram a empresa neste ano, apenas dois escolheram o Papai Noel como temática principal – nenhum deles na capital paulista.
“Há dez anos, tudo era Papai Noel: Fábrica do Papai Noel, Doceria do Papai Noel, Casa do Papai Noel. Hoje ele ainda existe, mas é secundário”, atesta Danielle Paulino, diretora comercial da empresa. “Os shoppings entendem que para ver Papai Noel você pode ir a qualquer um deles; já para ver determinado personagem, só naquele específico.”
Com 36 natais na bagagem, Conceição Cipolatti também percebe a mudança. Sua empresa, a Cipolatti, decorou 130 shoppings do País neste ano, 30 na Grande São Paulo. Em 10% apenas o Papai Noel é figura principal – nenhum na capital paulista. “Claro que ele continua sendo importantíssimo. Ninguém prescinde dele. Mas a verdade é que muitos shoppings têm pedido para que a gente posicione o trono dele em locais de menos fluxo”, diz. “Hoje tem Natal até da Liga da Justiça, do Batman, do Homem-Aranha. Acho sem graça. Já vi até do Shrek, aquela coisa feia e malcheirosa…”
No West Plaza, na zona oeste da capital, a decoração mais tropical – um jardim encantado com cogumelos, borboletas, coelhos e até formigas gigantes – surpreendeu. “Não tem nada a ver com Natal essas chaleiras e esses cogumelos gigantes, mas está bonito”, avalia a dona de casa Maria Inês Gialuizi, de 58 anos. Já o neto Gabriel, de 10 anos, sentiu falta do bom velhinho. “A neve poderia ter continuado e, em vez da borboleta, ter um Papai Noel.”
O coordenador de projetos Clécio Abel, de 35 anos, estranhou o trono isolado, no meio de flores e bichos. “Mas a figura do Papai Noel é clichê mesmo. Prefiro essa ideia de natureza.” O desenvolvedor de sistemas Gabriel Soares, de 29 anos, também aprovou. “As novas cores dão um astral melhor. Parece Alice no País das Maravilhas. Se eu fosse criança, seria uma festa.”
Livros
A fantasia proporcionada por livros roubou a cena no MorumbiShopping, na zona sul. E, pela primeira vez, o centro comercial abriu mão de uma árvore de Natal. “A pinha traz a renovação; os livros, a sabedoria; e as borboletas, a transformação e a felicidade”, resume a gerente de marketing Katia Ardito Gandini. O Papai Noel não é o tema, mas está lá. “Sempre trazemos os símbolos do Natal de alguma forma. Não faríamos decoração temática se ela não estivesse ligada ao Natal e a seus ícones.”
Também na zona sul, o Vila Olímpia, por sua vez, preferiu enfatizar a diversão proporcionada por parques. Crianças podem brincar em carrossel, xícaras giratórias e escorregadores instalados no átrio principal. Ao Papai Noel foi reservado um outro espaço, no primeiro piso.
Das antigas
Um exemplo de shopping que resiste às tendências é o Pátio Higienópolis, na região central. Ali, o tema do ano é Casa Mágica do Papai Noel. “Apostamos nos símbolos tradicionais, que promovem esse encantamento para toda a família”, diz a gerente de marketing Carol Romanini. “Nossa decoração traz as cores do Natal – vermelho, verde, dourado – com renas, trenó e o próprio Papai Noel, que recebe diariamente cartinhas e pedidos de crianças.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.