28/11/2017 - 19:52
Ex-presidente do conselho da Eletrobrás e ex-diretora de privatização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na era Fernando Henrique Cardoso, a economista Elena Landau é considerada uma das principais referências do PSDB no setor. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ela fez duras críticas às diretrizes do novo programa partidário do partido apresentado nessa terça-feira, 28, em Brasília pelo presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal.
“Quando cheguei na frase ‘nem estado mínimo, nem máximo, estado musculoso’, quase parei ali”, disse a economista. Elena disse, ainda, que os economistas ligados ao PSDB não foram consultados previamente pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), braço de formulação política da legenda responsável por formular o documento.
Leia a entrevista na íntegra:
O que achou do documento com as diretrizes do programa do PSDB?
Quando cheguei na frase ‘nem estado mínimo, nem máximo, estado musculoso’, quase parei ali. Não é possível um documento dessa responsabilidade como uma frase dessa. Não acreditei. É cheio de platitudes, um discurso velho. Como pode um partido cuja a marca é a qualidade dos seus quadros técnicos e economistas apresentar um trabalho tão fraco como esse? Eu, Edmar (Bacha), Persio (Arida) acabamos de fazer um manifesto com muito mais ideias de debate para o futuro. Esse documento é uma coisa atrasada.
Houve uma consulta prévia do Instituto Teotônio Vilela (ITV) aos economistas ligados ao partido?
Ninguém foi ouvido. Nenhum de nós, economistas do partido, sabíamos que esse documento estava sendo feito. É um documento do José Aníbal (presidente do ITV). Ponto. Não traz nenhuma novidade e proposição.
Esperava que o PSDB fizesse um debate mais ampliado e cuidadoso nesse momento delicado que vive o partido?
Cansei de esperar alguma coisa. A gente esperava uma refundação, não veio. A gente espera uma posição firme sobre reforma da previdência, que é uma coisa básica de qualquer governo, não veio. Aparentemente o ITV fez uma série de seminários, mas nenhuma dos quadros históricos do partido foi convidado. Para que um documento desse em uma hora dessa? Vai ter uma convenção no dia 9 para debater o futuro do partido. E para que entregar ao presidente Michel Temer? Isso é discutido para dentro…
Na questão da Previdência, faltou uma defesa mais ousada?
Falta ousadia em tudo. Essa questão de ‘estado que queremos’ está ultrapassada. É o estado que podemos. Para fazer uma documento, precisa de uma coisa mais forte. Era melhor não ter feito nada.