04/12/2017 - 7:30
Com dinheiro em caixa, a Camil pode abrir novos mercados a fim de aumentar as operações e as receitas. Um dos mercados em estudo é o de café. Segundo seu presidente, Luciano Quartiero, este é um segmento que tem sinergia com a empresa. “Acredito que a companhia está pronta para isso hoje”, disse Quartiero à DINHEIRO.
A empresa, líder no mercado de vendas de arroz e feijão no varejo, realizou em setembro uma Oferta Pública Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês). Na operação, a Camil levantou R$ 1,32 bilhão com o objetivo de investir em novas aquisições. “A companhia está mais forte. Estamos começando um novo capitulo”, afirma Quartiero.
Como em outras operações – as compras da União, no segmento de açúcares, e da Coqueiro, no de pescados, servem como exemplo – a companhia deve trabalhar na aquisição de líderes do mercado. No setor de café, as principais marcas, hoje, são a Pilão, da Jacobs Douwe Egberts, uma multinacional com sede na Holanda, e a meio brasileira, meio israelense, Três Corações.
“O desejo da companhia, quando entra em novos segmentos é adquirir o primeiro ou o segundo colocado. Claro que isso não depende só de nós”, diz Quartiero. “Nós damos muito valor à marca. Não acredito em entrar no segmento do café para construir uma planta, para tentar fazer uma marca. Acredito que a companhia está pronta para isso [uma aquisição] hoje”, conclui Quartiero.
MASSA E FARINHA DA CAMIL
Outro setor estudado é o de massas prontas e o de farinhas. De acordo com o presidente da companhia, o risco de investir nesses setores é menor porque eles permitem que a empresa evite custos altos com armazenagem, produção e distribuição. “Café, massa, farinha, esses produtos de mercearia seca, fazem todo o sentido para a Camil. Porque consigo utilizar a mesma distribuição, o mesmo promotor de vendas. Há uma sinergia”, afirma Quartiero.
O pagamento, na visão do presidente, pode ser feito por meio de ações. “Há espaço para uma maior alavancagem financeira, mas também posso usar as ações no pagamento.”
De acordo com o último balanço publicado pela Camil, do segundo trimestre de 2017, a companhia possui uma dívida líquida de R$ 1,2 bilhão. Neste mesmo período, conquistou um Ebtida (Lucro antes de Taxas, Juros, Depreciação e Amortização, na sigla em inglês) de R$ 485 milhões.
“Estamos mais preparados do que nunca. Não só do ponto operacional, mas também financeiramente”, diz Quartiero. Por outro lado, de acordo com comentários feitos no relatório de administração, a redução da relação entre o endividamento e o Ebtida, que atualmente está em 2,5, é um dos objetivos para os próximos anos.
O desempenho da companhia no mercado financeiro, desde seu IPO, em 28 de setembro deste ano, não tem sido dos melhores. O preço inicial da ação da Camil foi de R$ 9. Desde então, o valor de face do papel caiu 11,4%. Ontem, a ação da empresa valia R$ 7,97, o menor valor desde a estreia.