12/12/2017 - 12:23
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) classificou como “jogo sujo” a divulgação nas redes sociais do conteúdo de uma entrevista que ele concedeu ao jornal O Estado de S. Paulo em 1999 sobre Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela morto em 2013.
Na época, o atual deputado federal afirmou que a chegada de Chávez ao poder era uma “esperança para a América Latina”. O deputado ainda afirmou que “gostaria muito que sua filosofia chegasse ao Brasil” e disse que não era anticomunista.
Na entrevista, realizada meses após Chávez assumir o poder pela primeira vez, Bolsonaro diz acreditar que ele faria no país vizinho o que os militares fizeram no Brasil em 1964, com muito mais força. “Ele não é anticomunista e eu também não. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar. Nem sei o que é comunismo hoje em dia.”
O deputado também disse ao jornal, há 18 anos, que gostaria de ir à Venezuela para tentar conhecer Chávez, a quem considerava não um ditador comunista, como hoje, mas uma figura “ímpar”. “Quero passar uma semana lá e ver se consigo uma audiência.”
A divulgação da entrevista provocou repercussão nas redes sociais. “Como sempre falamos: Eles têm tudo, mas nós temos vocês e diariamente teremos de desarmar uma bomba montada, enquanto os corruptos nadam de braçada! Mas vamos até o fim! Há algo maior que eleição em jogo: a derrubada cultural da hegemonia de esquerda no Brasil”, escreveu o parlamentar.
O presidenciável também postou um vídeo na segunda-feira, 11, nas redes. Gravado no ano passado, ele usa a ironia para dizer que Chávez não fez como “os esquerdinhas Lula, Dilma e Genuíno”, que escolheram o Sírio-Libanês para se tratarem, mas foi se tratar em Cuba, que “tem a melhor medicina do mundo”. E continua: “E morreu. Parabéns, Chávez, prepare o inferno para receber os líderes comunistas do nosso Brasil.”
Nesta terça-feira, 12, o parlamentar publicou mais um vídeo sobre o assunto, desta vez uma entrevista do próprio Chávez na qual ele dizia que faria uma reforma constitucional que poderia impedir até mesmo que ele terminasse seu primeiro mandato, de cinco anos. “Hugo Chávez e Lula antes das eleições, posavam de democratas”, diz Bolsonaro na gravação. O presidente venezuelano permaneceu no poder até a morte, em 2013.