13/12/2017 - 9:53
A Praça da Sé, no centro de São Paulo, deverá incluir o nome de d. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito da cidade, que morreu há um ano. A proposta de dois vereadores do PT, Eduardo Suplicy e Arselino Tatto, foi aprovada em primeira votação na segunda-feira, 11, e deve ser ratificada na próxima semana, seguindo para a sanção do prefeito João Doria (PSDB).
A homenagem a um dos expoentes da Igreja Católica no País no século 20, com notada atuação na Catedral da Sé, foi aprovada em votação simbólica que só teve uma oposição: a do vereador Fernando Holiday (DEM). Na justificativa apresentada para a aprovação do projeto, os petistas dizem que a alteração do nome do local “objetiva homenagear um símbolo da luta pelos direitos humanos no Brasil, d. Paulo Evaristo Arns, ‘amigo do povo'”.
“Acrescentar seu nome na Praça da Sé, espaço de tantas lutas pela democracia e por melhores condições de vida para o nosso povo é uma forma de dom Paulo estar sempre presente. Dom Paulo colocou sua vida a serviço de nosso povo e nossa cidade e a presente denominação é justa e merecida”, complementam.
A mudança está entre os 72 projetos votados na segunda-feira na Câmara, dos quais 35 se referiam a nomes de ruas, avenidas, viadutos e de uma Unidade Básica de Saúde (UBS); 30 deles foram aprovados em 1.ª votação e 5 deles já seguiram para sanção do prefeito. Entre as propostas que agora só dependem da aprovação de Doria está o uso do nome de Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Lula, morta em fevereiro, para nomear um viaduto no M’Boi Mirim, zona sul paulistana.
Suplicy exaltou a importância de Arns para a história de São Paulo e do País. “Entendemos que a praça e a catedral têm uma tal identificação com d. Paulo e com a história da cidade que é uma homenagem muito justa”, disse. Ele ressaltou ainda guardar no seu quarto uma foto com o cardeal em que aparece com a sua mãe e as irmãs do religioso. “É uma coisa muito especial para mim.”
Além da oposição registrada de Holiday, há vereadores que admitem estar insatisfeitos com a mudança. Gilberto Natalini (PV) disse ter votado a favor para a mudança do nome da Sé por um acordo do partido, mas fez críticas à medida. “D. Paulo merece toda a homenagem, é uma figura da maior grandeza, mas a Praça da Sé é o símbolo central da cidade. Não acho uma coisa positiva fazer isso. Deveriam ter arrumado outro lugar para fazer a homenagem”, disse nesta terça-feira, 12.
Benedito Lima de Toledo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) lembra que a criação da praça remete à primeira metade do século 20, quando, em meio à construção da catedral, d. José Gaspar de Afonseca e Silva foi à Prefeitura pedir que o espaço na frente à igreja fosse aberto, a exemplo do modelo de catedrais em grandes cidades. “E a Prefeitura acatou o pedido. Foi uma transformação urbanística muito importante para a cidade porque a praça passou a ser referência central.”
Toledo sugere que, pela sua importância para a cidade, a praça não tenha o nome alterado, mesmo que para homenagear uma pessoa importante para a Igreja. “Na minha opinião, mudar o nome seria um crime hediondo contra a história de São Paulo e deveria ser impedido.”
Allende
Também avançou projeto que muda o nome da Praça Salvador Allende, na zona sul, para Sagrado Coração de Jesus. A mudança enfrentou a resistência de 11 vereadores de PT, PSOL, PPS e PSDB, mas deverá ser confirmada na semana que vem. “Achei absurdo quererem retirar o nome do Allende (presidente do Chile morto em 1973), pessoa de extraordinário valor para o continente. Vamos ter de procurar outro lugar para a devida homenagem”, adiantou Suplicy. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.