22/01/2018 - 20:14
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta segunda-feira, 22, que os processos em que é réu, como no caso do triplex do Guarujá que vai a julgamento nesta semana no TRF-4, são carentes de prova. “Estou pedindo uma prova há tanto tempo, podem ir à TV me desmoralizar”, disse o ex-mandatário em encontro com sindicalistas no Instituto Lula, em referência às acusações apresentadas por integrantes do Ministério Público Federal. “Eles não têm como sair da mentira que contaram”, afirmou.
Em um momento de desabafo, Lula voltou a pedir uma retratação da Justiça. “Gostaria que eles pedissem desculpas a mim. Fico pensando nesse negócio de candidatura, de inocência, quero, em algum momento, que eles peçam desculpa”, disse Lula.
Lula explicou que adotou esta postura para “desafiar a injustiça” no País. “Se acharam que me pegariam para tentar evitar que eu fosse candidato, reviraram minha casa, meu colchão, foram no Instituto Lula, e não encontraram nada. Me insurgi porque alguém tem que ter coragem neste País de brigar, a democracia é uma obrigação de todos”, ressaltou o ex-presidente.
Para ele, o processo tem demonstrado a prevalência da ‘Teoria do Domínio do Fato’. “Se neste País continuar a ter essa coisa de prevalência da teoria do fato – que a pessoa não sabia do crime, mas que era beneficiário -, ou ainda que não precisa de prova porque ele tem convicção, para que Justiça?”, indagou. “A grande acusação contra mim é que ‘o Lula sabia’.”
Supostas falhas no trâmite judicial foram apontadas pelo ex-presidente. “Não estou acima do bem e do mal, só quero Justiça”, reclamou. “A Justiça pressupõe um processo, acusação, investigação. Neste processo, sou julgado por ter um apartamento que não é meu. Não sou dono do apartamento e não posso ser julgado por isso”, declarou. “A acusação é mais mentirosa que o inquérito. Moro deveria ter recusado a ação”, argumentou Lula.
Algumas ações de seu governo, como a construção do porto de Mariel, em Cuba, e financiamentos brasileiros em projetos na África, foram lembrados pelo ex-presidente para apontar as razões dos processos contra ele. “Chego a pensar que o julgamento não é pessoal, é contra o tipo de governo que fizemos”, disse.
Alguns posicionamentos de desembargadores, em favor da sentença de Moro, foram ironizados por Lula. “É muito complicado quando um cidadão que nem leu a sentença diz que a acusação era maravilhosa. O outro disse que leu a sentença completa em menos de seis horas”, emendou. “Só quero que, no dia 24, os desembargadores digam qual é a culpa e qual é a inocência do Lula”, afirmou o ex-mandatário.