13/02/2018 - 10:25
O tradicional carnaval de São Luiz do Paraitinga, no interior paulista, voltou com aposta na tradição e uma série de novas regras, anunciadas pela prefeitura da cidade. No ano passado, a folia havia sido cancelada, por falta de verbas. Para o próximo carnaval, a administração municipal prevê realizar um plebiscito para saber se a população quer ou não o carnaval – que onera os cofres públicos.
Para 2018, a Prefeitura liberou a propagação só de marchinhas de carnaval para a festa. Bandas ou carros de som que reproduzirem outro ritmo podem ser multados em R$ 1.028, valor que dobra na reincidência. Também ficou proibida a venda e o porte de garrafas de vidro. Outra novidade foi a implementação da “Lei do Xixi”, que multa em R$ 150 quem urinar na rua, e a “Lei da Boa Vizinhança”, com punição de R$ 1.000 para quem perturbar o sossego.
Além disso, a taxa ambiental, uma espécie de pedágio para quem entrar motorizado na cidade, com valores entre R$ 10 e R$ 150, e a zona azul, de R$ 25 e R$ 500 para o período de 24 horas, limitaram a entrada de veículos na cidade. A arrecadação é revertida para a secretaria de Meio Ambiente, Cultura, Trânsito, Saúde e do Turismo, em diferentes proporções.
Os desfiles também estão com novo horário. No centro histórico, o último cortejo sai às 22 horas, mas a festa continua com apresentação de bandas, também populares pelo seu catálogo de marchinhas, na Praça de Eventos, a partir das 23 horas. Outra mudança de última hora aconteceu no trajeto. Por um deslizamento de terra na rodovia João Roman, esse trecho foi retirado da rota.
Para quem curtiu a folia, algumas das mudanças e restrições passaram despercebidas. Do grupo de quatro amigos que deixou São José dos Campos para um bate-volta com Juca Teles, somente Gabrielle Vieira, de 22 anos, sabia que a trilha sonora da festa teria só marchinhas este ano. “Não gostei, mas são as normas”, diz ela.
Mas teve também quem não se incomodasse. “Venho para São Luiz do Paraitinga pelas marchinhas. Se quisesse ouvir funk, iria para o Rio de Janeiro”, disse Nathália Beltrami, de 24 anos, de São Paulo, cuja família tem casa na cidade.
Números
Nesta edição, a redução de público foi perceptível. Com expectativa inicial de 150 mil pessoas (a cidade tem 10,6 mil habitantes), logo no terceiro dia de festa, o Diretor de Trânsito Diego Reis já apostava em uma nova estimativa. “Para os cinco dias, acredito que a gente receba até 80 mil pessoas”. Para o secretário de Cultura Netto Campos, os números são um bom resultado. “A intenção é diminuir para receber melhor, somos uma cidade pequena”.
O número de carros também está visivelmente menor. Mais espaço para os foliões nas ruas, menos arrecadação para a Prefeitura. “Tínhamos um problema com o bate-volta das cidades vizinhas, com as taxas, as pessoas estão evitando vir de carro ou optando pelos estacionamentos, com preços mais em conta”, avaliou Reis.