16/02/2018 - 19:45
A diretora-presidente do Instituto de Segurança do Rio (ISP), Joana Monteiro, afirmou que os dados de segurança do Rio de Janeiro divulgados pelo órgão mostram que não houve uma onda de violência atípica neste carnaval, apesar de críticas à Secretaria que motivaram a intervenção federal no Estado. Foram registradas 5.865 ocorrências policiais no total no Rio, entre os dias 9 e 14 de fevereiro, enquanto no carnaval do ano passado (quando a Polícia Civil ainda estava em greve), foram 5.773. Em 2016, 9.016 ocorrências foram registradas e, em 2015, computaram-se no total 9.062.
Segundo Joana, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, os dados ainda são parciais porque há registros que são feitos dias após a ocorrência do crime, mas que “dadas as devidas proporções já indica que não foi um carnaval fora dos padrões”.
“Esses números são parciais, mas é difícil acreditar que vai dobrar ainda para chegar a 2016. A comparação com 2017 não é direta porque teve uma greve da Polícia Civil, então estão mais baixos, por isso, achamos melhor comparar com os últimos três carnavais”, disse. “Foi um carnaval muito parecido com o dos outros anos. Estou segura em dizer que não houve nenhuma explosão de violência neste ano”, completou.
A economista negou também que a questão do sub-registro, quando muitas pessoas deixam de registrar o crime de que foram vítimas, possa ter interferido nas estatísticas.
“O argumento do sub-registro sempre vai existir. O que se tem que pensar é se aconteceu alguma coisa agora que pode ter aumentado o sub-registro. Em 2017, concretamente, estava acontecendo uma greve, então temos fortes de indicativos de que os números de 2017 estão bem abaixo do que deveria ser. Mas este ano não temos nenhum indicativo de que as delegacias não estavam funcionando direito e de que por isso os números estariam abaixo do normal”, disse.
A diretora do instituto também explicou que a Secretaria de Segurança achou conveniente divulgar os números parciais porque “a narrativa no carnaval foi muito forte, como uma coisa totalmente fora do padrão”. Para ela, o Rio vive duas narrativas na segurança, os indicadores objetivos e a sensação de segurança.
“Houve a vinculação de vários vídeos, imagens muito violentas, então a sensação de segurança de segurança de todo mundo vai para o espaço. É claro que importa, mas os dados são os nossos melhores parâmetros para ver o que acontece de fato. Não é um retrato fiel de tudo o que aconteceu no Rio, mas é o que as pessoas registraram e um parâmetro mais objetivo do que a gente está vivendo”, disse.
Para ela, o que mais chamou atenção foram os números de furtos a transeuntes que diminuíram muito neste ano em relação aos Carnavais anteriores (584 em 2018, 613 em 2017, 1.704 em 2016 e 2.144 em 2015). “Está muito abaixo do normal”, afirmou.
Joana acrescentou também que hoje “vemos cenas que acontecem em qualquer canto da cidade”, o que pode aumentar a sensação de insegurança. “A gente toma conhecimento de muito mais coisa, comparando com dez anos atrás, principalmente nas regiões mais pobres. Além disso a imagem é sempre muito poderosa”, completou.