27/02/2018 - 15:08
O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, deu um claro sinal nesta terça-feira de que ele espera suceder Mario Draghi na presidência do Banco Central Europeu (BCE), do qual faz parte do Conselho de Governadores.
Uma eventual candidatura de Weidmann ao cargo provavelmente deve ser apoiada pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, mas deve ter a oposição de alguns governos da sul da Europa, críticos da austeridade defendida pelo ministro alemão.
Axel Weber, sucessor de Weidmann no BC alemão, era o favorito para assumir a presidência do BCE no começo da década até se demitir inesperadamente no início de 2011, abrindo caminho para a liderança de Draghi. À época, Weber disse que estava preocupado em ter de representar pelo BCE pontos de vista com os quais ele não concordava, como a compra de títulos pelos bancos centrais.
Questionado na terça-feira se ele tinha preocupações semelhantes com Weber, Weidmann afirmou que o atual programa de compra de títulos do BCE é fundamentalmente diferente do que provocou a renúncia de seu antecessor.
“Você pode ter um debate sobre princípios toda vez que for necessário e concluir que está preparado para aceitar que o mundo mudou”, afirmou.
Durante o mandato de Weber, o BCE esporadicamente comprou a dívida dos governos da periferia da zona do euro em um esforço para se defender da crise da dívida na região. Três anos atrás, a instituição lançou um programa mais estruturado de compra de títulos que totaliza 2,5 trilhões de euros. O relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), como é conhecido, é creditado como fonte da recuperação econômica firme em toda a zona do euro.
Weidmann disse que o QE é amparado por regras rígidas que limitam a partilha de riscos e as distorções do mercado, incluindo a exigência de que o BCE apenas compre a dívida de um país em proporção ao tamanho de sua economia.
Nos últimos meses, o chefe do Bundesbank atenuou as críticas às políticas à medida que a economia da zona do euro acelerou o crescimento e começou a disputa aberta pela substituição de Draghi.
Nesta terça-feira, Weidmann repetiu o pedido pelo fim da QE, mas, por outro lado, também pediu cautela ao eliminá-lo.
“Eu acredito que é importante reduzir de forma gradual e confiável o grau de estímulo monetário assim que as perspectivas de evolução dos preços na área do euro nos permitirem”, afirmou.
A economia da zona do euro cresceu 2,5% no ano passado, a maior taxa de crescimento em uma década, enquanto o desemprego caiu para 8,7%, o menor nível desde 2009. Crucialmente, a inflação permanece abaixo do objetivo do BCE de pouco menos de 2%. Fonte: Dow Jones Newswires.