12/03/2018 - 12:55
A próxima proposta de reforma da Previdência será mais dura que o texto atual, afirmou nesta segunda-feira, 12, o deputado federal e relator da matéria, Arthur Maia, que participa do seminário “Reforma da Previdência, uma reflexão necessária”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“A reforma que será feita não será a reforma do meu parecer. Será uma reforma mais dura e mais profunda”, afirmou Maia a jornalistas, após a sua apresentação.
Ele destacou que o atual governo tem limitações políticas por ter assumido após um impeachment e por 2018 se tratar de um ano eleitoral. “Não adianta, nós não temos votos, tem os deputados contra, a favor e os que estão preocupados com a sua eleiçãozinha”, criticou mais uma vez Maia.
Mais cedo, em sua apresentação, ele já havia criticado os parlamentares que são a favor da Previdência, mas iriam votar contra, se fossem à votação, para não perder votos nos seus redutos eleitorais.
Por este motivo, Maia destacou que neste ano não existe condição da proposta voltar à votação, além do que, por conta da intervenção na segurança do Rio de Janeiro, não seria constitucional. “Nos próximos seis meses, teremos um amplo debate, que vai culminar com a eleição do presidente. Esse debate terá como tema central a reforma da Previdência e é importante que todos os candidatos se posicionem”, afirmou.
O deputado federal e relator da reforma da Previdência disse que a oposição se aproveitou das discussões realizadas em torno da reforma da Previdência para demonizar a proposta do governo. Segundo ele, o texto original era duro demais, mas seria modificado ao longo do seu trâmite. A delação da JBS, porém, atrapalhou a sua aprovação.
“É natural que o governo tivesse proposto algo maior, para depois aprovar o possível”, afirmou Maia, durante o seminário. “Toda a discussão, que teve 33 reuniões da Comissão, foi utilizado pela oposição para demonizar o projeto”, acusou.
Mas, segundo Maia, o que realmente atrapalhou a aprovação foram as delações da JBS, que envolveram o presidente da República, Michel Temer. “A Previdência poderia ter sido aprovada não fosse a delação da JBS. A partir da delação foram duas denúncias contra o presidente da República, a base do governo teve que ficar contra a vontade da população”, disse Maia, reconhecendo que a comunicação do governo federal sobre a reforma também não foi muito boa.
Ele criticou ainda os próprios aliados do governo federal, que se negaram a aprovar o projeto em ano eleitoral. “Só não dá para levar a sério aquele que chega e fala que sabe que precisa, mas que é ano de eleição e por isso não vai votar. E isso é majoritário na política nacional”, observou.
Na avaliação do parlamentar, a reforma da Previdência deverá ser o primeiro tema que o próximo presidente da República deverá enfrentar, e terá capital político suficiente para fazer a reforma até o fim. “Logo no começo do mandato o presidente terá capital político suficiente para fazer a reforma e, se eu for reeleito, vou apoiá-lo”, finalizou.