O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou, em discurso ao Parlamento Europeu, que é preciso defender o comércio “aberto e justo”, mas que a União Europeia não é uma defensora inocente do livre-comércio. Em sua fala, Juncker lamentou a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas à importação de aço e alumínio, “que terão impacto em um montante significativo do comércio da UE”. Segundo ele, todas as partes perdem, com a imposição de tarifas desse tipo.

Juncker disse que Bruxelas defenderá a indústria europeia, “respeitando as regras com as quais o mundo concordou”, no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC). De acordo com a autoridade, as tarifas colocam empregos europeus em risco.

Há de fato um problema de excesso de capacidade na indústria global de aço, disse Juncker. A UE, o Japão e os EUA, porém, já têm atuado para lidar com a questão de modo global. Além disso, o presidente da Comissão Europeia rebateu a argumentação americana sobre a segurança nacional para a imposição de tarifas. “As exportações da União Europeia claramente não são uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos”, disse. “E, como os próprios dados deles mostram, os EUA precisam de apenas 3% de sua produção anual de aço para garantir as necessidades do Pentágono.”

Juncker disse que espera mais clareza do lado americano nos próximos dias e continuará a trabalhar com seus parceiros para não ser alvo das tarifas. “Mas, como sempre, iremos – e temos de – nos preparar para todas as eventualidades”, advertiu.

Ele lembrou que, pelas regras da OMC, a UE tem o direito de “reequilibrar essa medidas”, com retaliações, “e nós estamos prontos para fazer isso”. Ainda segundo ele, pode haver medidas de salvaguarda se ocorrer um salto nas importações da UE, como resultado do fechamento do mercado americano. “Em terceiro lugar, nós buscaremos consultas para um acordo na OMC, em conjunto com outros países afetados”, disse Juncker.